ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 10.12.1997.

 


Aos dez dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Tereza Franco, Jocelin Azambuja e Maristela Maffei. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Pedro Ruas. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Centésima Décima Primeira Sessão Ordinária e das Trigésima Quinta e Trigésima Sexta Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 39/97 (Processo nº 3657/97) e 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 40/97 (Processo nº 3658/97); pelo Vereador João Dib, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97 (Processo nº 3435/97); pelo Vereador Jocelin Azambuja, 01 Pedido de Providências, o Pedido de Informações nº 194/97 (Processo nº 3674/97) e a Indicação nº 140/97 (Processo nº 3675/97). Ainda, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Gerson Almeida, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 04/95 (Processo nº 232/95). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 549 e 550/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 97/97, do Senhor Marcel Esquivel Hoppe, Juiz de Direito do Juizado da Infância e da Juventude do Estado/RS; 670 e 674/97, do Desembargador Adroaldo Furtado Fabrício, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; s/nº, da Senhora Siciane Mello Grassiolli, do Grupo de Apoio à AIDS Pediátrica - GAAP; Telegramas: do Senhor Luiz Mário Magalhães, Gerente-Executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros - ATP; do Deputado Estadual Bernardo de Souza; do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor César Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, que teceu críticas à atuação do Executivo Municipal, em especial no referente ao dissídio coletivo e às condições de trabalho da categoria dos municipários. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Ávila, reportando-se ao tema da Tribuna <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Popular, condenou o envio, pelo Executivo Municipal, de Projetos de Lei de repercussão junto ao Município para serem apreciados neste final do ano legislativo, inviabilizando uma discussão aprofundada dos mesmos. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Carlos Garcia, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/97 (Processo nº 908/97). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib manifestou-se contrariamente ao fato do Executivo Municipal enviar à Casa Projetos de Lei neste final de ano legislativo. Ainda, analisou atitudes assumidas pela Prefeitura Municipal, quando da reintegração de posse de área de propriedade do Município, situada na Avenida Loureiro da Silva, ocupada por famílias carentes. O Vereador Cláudio Sebenelo teceu considerações acerca da aprovação de Projeto de Lei que possibilita a criação de novos cargos em comissão e funções gratificadas na Secretaria Municipal da Saúde. Ainda, discorreu sobre as condições salariais e de trabalho dos médicos e servidores do Hospital de Pronto Socorro. Na ocasião, o Senhor Presidente, face à Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, prestou esclarecimentos acerca das razões pelas quais os Senhores Vereadores ainda não possuem cópias das chaves das mesas do Plenário Otávio Rocha. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja manifestou seu apoio ao pronunciamento do Senhor César Pureza, em Tribuna Popular. Também, declarou observar-se um avanço, a nível mundial, nas discussões referentes à questão dos direitos humanos. Neste sentido, propugnou por uma ação mais efetiva dos Conselhos Tutelares e da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, na prestação de atendimento aos menores abandonados. O Vereador Lauro Hagemann registrou ter o Município recebido ontem, através de doação, uma área de preservação ecológica localizada na Vila Nova, destinada a se constituir no Parque Natural Gabriel Knijnik, salientando que estiveram representando a Casa na cerimônia de entrega desta área, além de Sua Excelência, os Vereadores Guilherme Barbosa e Décio Schauren. Em PAUTA, Discussão Preliminar, esteve, em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 43/97, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, João Dib, Antonio Hohlfeldt, Jocelin Azambuja e João Motta. Às quinze horas e vinte e nove minutos, em decorrência da falta de energia elétrica, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo retomados às dezesseis horas e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho. Na ocasião, foram apregoadas a Emenda nº 05 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 54/97 (Processo nº 1200/97) e uma Emenda ao Substitutivo nº 01 do Projeto de Resolução nº 24/97 (Processo nº 2410/97), ambas de autoria do Vereador Carlos Garcia. Ainda, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Fernando Záchia, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 24/97 (Processo nº 2992/97), e o Senhor Presidente deferiu Requerimento do Vereador Adeli Sell, solicitando a retirada de tramitação do Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 193/97 (Processo nº 3302/97). Após, o Vereador Gerson Almeida formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de votação da matéria <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>constante na Ordem do Dia. Em continuidade, o Senhor Presidente, nos termos da alínea "f" do § 1º do artigo 94 do Regimento, concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador João Dib, que relatou desocupação efetuada pela Prefeitura Municipal em área da Avenida Loureiro da Silva ocupada por famílias carentes, criticando a falta de busca de soluções alternativas para o caso. Na ocasião, foram apregoadas as Emendas nºs 01 e 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 193/97 (Processo nº 3302/97), ambas de autoria do Vereador Carlos Garcia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão registrou a ocorrência, em todo o País, de atos em defesa das universidades públicas, ressaltando a participação das Reitorias e de entidades estudantis em debates promovidos pelas Universidades Federais, destinados a buscar soluções que viabilizem maiores investimentos na área do ensino superior. A Vereadora Maria do Rosário, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, afirmou que o processo de desocupação de área situada na Avenida Loureiro da Silva já vinha se desenvolvendo há tempos e que a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos acompanhará os fatos, a fim de prestar a assistência necessária às famílias envolvidas. Ainda, referiu-se aos problemas de habitação enfrentados pelos moradores do Parque dos Maias. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Gerson Almeida, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada. Na oportunidade, os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Gerson Almeida e Clênia Maranhão manifestaram-se acerca da ordem de votação de projetos solicitada pelo Vereador Gerson Almeida. Também, o Vereador José Valdir informou ter recebido correspondência enviada pela Coordenação da Ocupação do Parque dos Maias, referente à ameaça de despejo dos moradores desse local, solicitando seja dada ciência aos Senhores Vereadores do teor da correspondência recebida. Na ocasião, foi aprovado Requerimento do Vereador João Dib, solicitando que a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97 (Processo nº 3435/97) seja dispensada do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 56/97, com ressalva da Emenda nº 01 a ele aposta, por vinte e sete votos SIM e quatro votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores João Dib, Elói Guimarães, Cláudio Sebenelo e Nereu D'Ávila e encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Lauro Hagemann, Luiz Braz, João Dib, Antônio Losada e Hélio Corbellini, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Tereza Franco, Jocelin Azambuja e Maristela Maffei e votado Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, João Carlos Nedel, João Dib e Pedro Ruas e tendo apresentado Declaração de Voto os Vereadores Adeli Sell, Décio Schauren, João Motta, José Valdir, Carlos Garcia, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>João Carlos Nedel, João Dib e Reginaldo Pujol. Após, foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97. Durante a apreciação deste Projeto, os trabalhos estiveram regimentalmente suspensos das dezessete horas e doze minutos às dezessete horas e cinqüenta e dois minutos e das dezoito horas e trinta e dois minutos às dezoito horas e trinta e três minutos. Na ocasião, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal solicitando verificação da votação simbólica da Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97, Requerimento este posteriormente retirado pela Autora. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 162/97, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Pedro Ruas, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Reginaldo Pujol e Jocelin Azambuja. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Iara Leite, convidando-a a integrar a Mesa dos trabalhos. Também, registrou o retorno do Vereador Isaac Ainhorn, que esteve representando a Casa na solenidade de inauguração da ponte entre as cidades de São Borja, no Rio Grande do Sul, e Santo Tomé, na Argentina. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 554/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que se ausentará do Município nos dias quatorze e quinze de dezembro do corrente, quando estará participando da Reunião do Conselho das Mercocidades, em Montevidéu, Uruguai. Após, o Senhor Presidente informou que amanhã, às onze horas, na sala da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, será realizada Reunião da Mesa com o Colégio de Líderes e, às quatorze horas, será realizada Sessão Extraordinária. Também, registrou convite da Vereadora Maristela Maffei, para a festa de aniversário de Sua Excelência, no dia doze de dezembro do corrente, às vinte e uma horas, no Restaurante Forno e Fogão. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 115/97 e a Emenda nº 01 a ele aposta, após serem discutidos pelo Vereador Jocelin Azambuja e encaminhados à votação pela Vereadora Sônia Santos. Na ocasião, o Vereador José Valdir, através de Questão de Ordem, solicitou fosse feita a leitura de ofício referente à questão do Parque dos Maias, conforme Requerimento verbal formulado anteriormente por Sua Excelência. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 201/97. Na ocasião, foi deferido pelo Senhor Presidente Requerimento de autoria do Vereador João Motta, solicitando votação em destaque do artigo 3º do Substitutivo nº 01 ao Projeto de Resolução nº 24/97 (Processo nº 2410/97). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Resolução nº 24/97, com ressalva do destaque e da Emenda a ele apostos, considerando-se prejudicado o Projeto original. Em destaque, foi rejeitado o artigo 3º do Substitutivo nº 01 ao Projeto de Resolução nº 24/97. Foi aprovada a Emenda nº 01 aposta a este Substitutivo. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 34/97, por vinte votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Valdir, tendo votado os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Motta, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Paulo Brum, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Jocelin Azambuja e Maristela Maffei. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou a todos para o Painel "O Poder Local e o Parlamento", que se realizará hoje, às dezenove horas e trinta minutos, neste Legislativo, e registrou a presença do Senhor Sereno Chaise, Presidente Regional do PDT, e dos ex-Vereadores Luiz de Almeida Passo, José Luiz Marques e Alberto André. Às dezenove horas e quarenta minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada amanhã, às quatorze horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. César Pureza, representando o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, colegas municipários, nesta tarde em que esta Casa convida a população para comemorar os 50 anos de reabertura do Parlamento Municipal, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que desempenhou um papel importante na democracia e no desenvolvimento da Cidade, por meio dos seus funcionários e de alguns Vereadores de oposição, o Simpa e o Sindicâmara vêem-se surpreendidos com a enxurrada de projetos encaminhados pelo Executivo, de afogadilho. Esses projetos foram protocolados por quem tanto critica o Governo do Estado e o Governo Federal por agir dessa forma e que age de igual modo: encaminha, “em cima do laço”, projetos que trazem, inclusive, prejuízos aos servidores municipais, como a revogação do Pasep.

O Simpa e o Sindicâmara manifestam-se indignados com a postura do Governo Municipal. O Simpa e o Sindicâmara manifestam-se surpresos, Ver. José Valdir, com o seu projeto que contempla passagem escolar para funcionários das escolas do Estado e exclui os funcionários das escolas do Município, justo no momento em que o Governo Municipal, arbitrariamente, reduz a concessão, que é uma opção do servidor, de 50 ou 100 vales-transporte para apenas 50.

 Ver. Nereu D'Ávila, sabemos que há uma emenda que, se for aprovada, contemplará os anseios dos servidores do Município, que terão a opção de adquirir passagem escolar através do seu projeto.

 A Administração Municipal, coincidentemente, passa a reduzir horas extras, que essa Diretoria entende, também, como penduricalho. Nós reivindicamos uma base salarial sólida, abrimos mão de penduricalhos, como vale-transporte e horas extras, uma vez que não incorporam no período da aposentadoria, transformando isso numa redução salarial, ao longo de uma dedicação funcional, para a maioria dos servidores municipais.

O Simpa e o Sindicâmara estão indignados com a posição contraditória desde o Governo Tarso Genro até os dias atuais, representado hoje pelo Prefeito Raul Pont, uma vez que os mesmos, na pessoa do então Prefeito Tarso Genro, argúem a nossa política salarial, sancionada pelo próprio Prefeito Tarso Genro. Aliás, atitude semelhante teve o Governo Simon. Aliás, atitude semelhante teve o Governo Alceu Collares, quando fragmentou o CPERS, legítimo representante dos trabalhadores das escolas do Estado. Atitude semelhante tem tido o Governo Municipal com o Simpa, quando retalha o Sindicato, revoga a portaria de liberação da Diretoria, fazendo com que hoje tenhamos apenas três diretores liberados, graças ao mandado judicial para que a administração dita popular cumprisse uma portaria administrativa.

Portanto, Sr. Presidente, a dita melhor política salarial do País não procede, se compararmos, por exemplo, os médicos do HPS, que recebem, em média, um salário de um mil e 100 reais, com os médicos do Hospital Conceição, que têm um salário em torno de três mil reais.

O Executivo tem agido arbitrariamente com a ação de despejo em prejuízo do servidor que, ao longo de um bom tempo, morava e cuidava do próprio Municipal.

Temos outro exemplo: o do soropositivo Carlinhos, que foi reintegrado graças à ação judicial do Simpa.

Esta Casa sancionou, no ano passado, um projeto que renova uma legislação federal, ou seja, o deslocamento do trabalhador em caminhão aberto, e o Governo Municipal continua descumprindo essa legislação e continua desrespeitando a decisão desta Casa. O Simpa tem ajuizado ação também nesse sentido, porque, de outra forma, não tem tido êxito para parar os desmandos da Administração Popular.

Com os casos de LER e outras doenças, já encaminhados através de denúncia junto à Comissão de Saúde desta Casa, até então não temos obtido êxito. A servidora municipal Ana Maria foi aposentada somente nos últimos dias, e luta, junto ao Jurídico do Simpa, para que haja a devida interpretação com relação ao seu caso clínico.

O Simpa já disse - e repete ao Governo Municipal - que não tem atitudes fechadas. Tanto é verdade, que o Simpa apoiou e lamenta que somente agora o Executivo Municipal tenha encaminhado esse projeto que contemplou 153 FGs e 11 CCs aos colegas municipários da área da saúde, que estavam com esse encargo desde janeiro, sem a devida contrapartida, ou seja, trabalhando gratuitamente. A insensibilidade do Governo Municipal é tão grande que, ao longo desse período, ele usou esses colegas com o propósito de que hoje houvesse a devida aprovação. Graças aos 26 votos estão garantidos com a devida remuneração.

Por fim, Sr. Presidente, o Simpa lamenta que o Executivo, na pessoa do Sr. Prefeito, continue fora da lei, porque existe uma política salarial vigente ratificada pelo Poder Judiciário e, no entanto, continua não sendo cumprida. O Executivo Municipal cumpre uma política salarial por decreto. Repõe a nossa bimestralidade através do IGPM e não observa, na íntegra, a política salarial que deveria, através de duas tabelas, escolher a que repusesse dignamente o salário dos servidores. A auto-estima do servidor público municipal está prejudicada, lamentavelmente, no final deste ano.

O Simpa e Sindicâmara contam com esta Casa para neutralizar as ações do Governo, que tem o único propósito de gerar mais prejuízos aos servidores municipais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a satisfação de poder ter ensejado a utilização da Tribuna Popular pelo Sindicado dos Municipários de Porto Alegre, já que este espaço, no nosso Regimento, se destina exatamente a ser desaguadouro da opinião, protestos e das reivindicações de todos os segmentos sociais.

O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadores, prezado Presidente do Simpa, César Pureza. O Presidente do Sindicato dos Municipários, falando também pelo Sindicâmara, usou o termo, em relação a projetos que temos que votar nos últimos dias, “de afogadilho”. Eu concordo com esse termo. Nós, os Vereadores de Porto Alegre, não nos negaríamos e jamais nos negamos a trabalhar. Diga-se de passagem, trabalhamos em Sessão Extraordinária gratuitamente. É bom que se ressalte isso de peito erguido e com muito orgulho, porque o Jornal do Brasil de ontem trazia uma manchete dos quantos milhões que a Câmara Federal e o Senado vão gastar, ou o contribuinte vai pagar com Sessões Extraordinárias do Congresso Nacional para votar a reforma da previdência, que já deveria ter sido votada. A Assembléia Legislativa já está convocada também e terá o pagamento remuneratório correspondente às Sessões Extraordinárias.

A Câmara de Porto Alegre, hoje de manhã, aprovou diversos projetos, inclusive do absoluto interesse do Executivo, trabalhando gratuitamente. Não estamos reclamando por trabalhar. Estamos reclamando - usei o termo “afogadilho” corretamente - que o Executivo deixe para undécima hora projetos que devem passar de comissão em comissão e devem ter o conhecimento profundo de cada Vereador para bem avaliar e votar conscientemente ou não. Então, deixo bem claro que nem entramos no mérito dos projetos. Por exemplo, um projeto que modificará as questões de trânsito em relação à sistemática, criando uma empresa pública concessionária e não permissionária, um projeto da mais alta importância, não é projeto para se votar aqui em três ou quatro Sessões Extraordinárias que ainda faltem. Não é. Eu estranho que o Secretário de Transportes não conceda audiência para Vereadores, num desrespeito a essa Casa, porque não se pede audiência para se pedir emprego ao Sr. Bertotto; pede-se audiência para discutir problemas da comunidade de Porto Alegre, que representamos, e que ele não representa porque nem eleito é. Ele se dá o luxo de não marcar a audiência pedida por este Vereador há mais de 60 dias. Pois eu não vou lá! Eu tenho esta tribuna, fui eleito pelo povo. Só tem um problema: que ele não conte comigo para aprovar coisa nenhuma.

Ontem à tarde, fui chamado, estranhamente, para outra Comissão, e eu tenho obrigação com a Comissão de Justiça, e, lá chegando, era o Sr. Bertotto. Quando é para servirmos de degrau para os interesses do Executivo, nos chamam. Quando pedimos audiência, não nos dão. Isso é muito interessante. É muito interessante um funcionário burocrata, que está eventualmente na Secretaria de Transportes, tratar assim o Poder Legislativo. Pois eu digo e afirmo, com a responsabilidade assumida que tenho: é um projeto que não cabe se votar, é uma péssima hora, sob pena de irresponsabilidade política desta Casa. É por demais importante para querer nos meter goela abaixo, pensando que estamos cansados e que vamos engolir tudo aqui para ser aprovado. É ledo engano!

Hoje, pela manhã, já foi aprovado, por 26 votos, com um “lobby” incrível do Sr. Secretário da Saúde em cima dos Vereadores - tudo bem! - 11 CCs, não sei quantas FGs, engordando mais e mais o Poder Executivo e que, antes da Administração Popular, eram 18 mil funcionários e agora são 25 mil. Agora, quer-se mais meia-dúzia de projetos importantes junto, inclusive, com os nossos. Porque nós temos projetos importantes para serem votados até o final do ano! Então, eu quero dizer ao Sindicato dos Municipários e ao Sindicâmara que nós concordamos, sim, com o termo “de afogadilho”.

O Presidente do Simpa disse agora que desde de janeiro os funcionários da saúde estavam necessitando...

 

O SR. PRESIDENTE: Seu tempo se esgotou, Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Quando V. Exa. está na tribuna não é tão rigoroso assim consigo mesmo.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas eu não estou na tribuna. Eu estou presidindo os trabalhos.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Eu pediria que V. Exa. desse a tolerância para este Vereador que tem quando usa a tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE: Perfeitamente. Farei isso quando me for cobrado de quem fizer cumprir o Regimento. Conclua, por gentileza.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Eu concluo e peço vênia a V. Exa. para dizer as frases finais.

 Então, o Presidente do Simpa disse que, desde janeiro, era para ser aprovado esse projeto. Pois ele chegou aqui há pouco tempo, e tanto que foi aprovado em regime de 81. De afogadilho, não! Na marra, não! Goela abaixo, não! Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Executivo tem pressa. Tem muita pressa, sim. Mandou uma série de projetos da mais alta relevância para esta Casa para serem examinados com muita pressa. Mas, muitas vezes, o Executivo não tem pressa. É o caso, por exemplo, quando retroagiu uma liminar e tomou o dinheiro dos municipários. Quando ele perdeu na Justiça, ele não teve pressa em pagar aquilo que ele havia tomado. A pressa do Executivo depende da sua necessidade, do seu desejo.

Hoje, pela manhã, eu recebi uma comunicação de que o meu querido DMAE estava cortando a água de pessoas que tinham pago a conta. Eu pedi por telefone e parece que o DMAE atendeu naquele momento: não cortaram a água; mas o Executivo tinha pressa. Falei com o Secretário de obras para parar, pedi para examinar o que estava acontecendo, mas o Executivo tinha pressa, tinha que demolir. Não era só uma reintegração de posse: era uma liminar de reintegração de posse, mas ele tinha que demolir. Lá estava equipamento pesado que falta para tapar buracos nas ruas da Cidade, mas o Executivo tinha pressa. Voltei a falar com o Secretário de Obras, falei com o Líder do Governo, falei com a Vera. Maria do Rosário, que recebeu os moradores, falei com o Prefeito. Mas o Executivo está com pressa. Provavelmente, quando chegar uma decisão do Prefeito, e espero que ele fará, tudo já estará demolido; mas um dos moradores conseguiu sustar a liminar, o que significa que os outros, tendo os documentos para serem examinados, provavelmente conseguiriam a mesma coisa.

Mas o Executivo tinha pressa. E quando se faz uma liminar de reintegração de posse nas fazendas tomadas pelos sem-terra, é o PT que vai lá deitar na frente dos policiais, botar crianças na frente dos policiais, para impedir a reintegração de posse, e pede prazo. Este Vereador, desde de manhã, está pedindo prazo e ainda não obteve prazo. É claro, o Executivo está com pressa! Só não está com pressa de fazer o certo, só não está com pressa para devolver o dinheiro dos municipários tomado indevidamente, porque liminar ou decisão judicial ou lei retroagem para beneficiar, não para retirar um fato consumado, não para dizer que numa ação direta de inconstitucionalidade de uma lei proposta pelo próprio Prefeito e que ele tem razão a partir do momento da liminar... Mas o Executivo estava com pressa para tomar o dinheiro dos municipários, que deveria ser 11% de reposição salarial e lhes deu 3.2%. Mas estava com pressa. Agora, quando perdeu, quando a sentença foi transitada em julgada, aí o Executivo não estava com pressa. Então, quando algumas vezes o DEMAHB violenta as coisas nesta Cidade, é porque o Executivo está com pressa. Agora, quando tem que defender os moradores que quase foram violentados, aí o Executivo não está com pressa.

Mas ainda confio em S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. O seu gabinete me deu o seu telefone celular. Falei com o Prefeito e acredito que o Prefeito mande parar. Acredito que outros Vereadores irão olhar de perto o problema. E lembro que recentemente fui advertido porque encerrei uma Sessão nesta Casa porque cerca de 30 Vereadores se dirigiram para cuidar dos sem-terra. Agora, hoje, não havia pressa. Hoje não tinha nada, e fui advertido e diziam que eu não tinha autoridade para fazer o que eu fiz para cuidar dos sem-terra; agora, hoje não havia pressa, não havia nada. Disseram-me que eu não tinha autoridade para fazer o que fiz. Claro que quem tem convicção tem autoridade. Quem lê o Regimento Interno também tem autoridade, mas o Executivo não tem pressa.

Espero que tudo pare, que tudo retorne à normalidade e que o sanitário que foi derrubado, que a água que foi retirada, que os medidores da CEEE que foram retirados voltem aos seus lugares. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje pela manhã foi aprovado um projeto de parte da Secretaria da Saúde, em que foram aprovados 146 cargos de funções gratificadas e 16 cargos comissionados, totalizando 164 novas funções gratificadas no total. Demonstrando esta Câmara toda a compreensão para com o Executivo, esse projeto foi aprovado por unanimidade, porque somos os primeiros a cobrar uma política municipal de saúde e, para tanto, é imprescindível, é indispensável que haja um quadro de funcionários e uma estrutura burocrática básica para o fornecimento, especialmente na área primária da saúde.

Indiscutivelmente, recebemos uma pressão em visitas de diversas pessoas da Secretaria, inclusive do digno Secretário da Saúde, Dr. Henrique Fontana, que se empenhou ao máximo, não só como parte da sua obrigação, mas como dedicação integral a essa terrível situação por que passa a saúde. Pois assim como temos essa compreensão e com a isenção de quem defendeu, dentro da Bancada do PSDB, a votação positiva a essa solicitação do Executivo, da mesma forma voltamos a cobrar uma política municipal de saúde, quando temos um Pronto Socorro Municipal em “pé de guerra”.

Há uma situação, segundo o Diretor do Centro de Estudos do Hospital de Pronto Socorro Municipal, beirando o caos - e esta é a segunda vez que denuncio aqui -, com salários defasados, com ausência, inclusive, de pagamento de horas extras, e, quando pagam, as horas extras são uma parcela menor de retribuição do que a hora normal para todos os funcionários do Pronto Socorro Municipal. E o que é pior: o falecimento, a aposentadoria ou outra razão de vacância de qualquer cargo, ou pessoal posto à disposição para outras estruturas da Secretaria de Saúde não é reposta, isso refletindo-se na exaustão dos profissionais, no risco de baixa de qualidade de atendimento das pessoas que lá procuram. E, se há ainda um bom atendimento, se há ainda um atendimento que justifique e que esteja de acordo com a história de otimização de toda a prestação de serviço do Hospital de Pronto Socorro Municipal, se dá exclusivamente pelo esforço dos seus funcionários. É excelente o atendimento, é humanizado, apesar da administração, apesar do não-atendimento de todas as reivindicações de médicos e de outros profissionais técnico-científicos, especialmente de funcionários, onde são deturpados os planos de carreira, onde são sofisticados e colocados sofismaticamente nomes de outras carreiras, como, por exemplo, Operador de RX, quando, na verdade, são Técnicos de Radiologia, para se pagar menos, para reduzir salários, para fazer o arrocho salarial. Mas, especialmente, os equipamentos do Pronto Socorro não têm mais condições de atendimento, devem ser substituídos. Deve haver maior disponibilidade de verba para recuperação do Hospital de Pronto Socorro. Isso está sendo denunciado pelos funcionários, pelos médicos, por todas as categorias, e a resposta é sempre uma entrevista na imprensa dizendo que está tudo bem, que isso não está acontecendo e que a falta de profissionais é apenas um discreto remanejo que está sendo feito e que as reivindicações dos funcionários, dos técnico-científicos e dos médicos vão ser estudadas pela administração.

Encerro, dizendo que os estudos estão sendo feitos há muito tempo e é só uma questão de mudar de política. Como dizia o Sr. Presidente do Sindicato dos Municipários, falta só vontade política. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer ao nosso companheiro César Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, que hoje esteve conosco ocupando a Tribuna Popular.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu quero saber se nós vamos ter acesso às chaves das mesas para guardar o material que estava nas mesas do Plenarinho.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, as chaves não podem ser disponibilizadas, no primeiro momento, devido aos serviços elétricos relativos à funcionalidade dos microfones de mesa. A seguir, as chaves serão disponibilizadas.

O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar nos solidarizamos com a manifestação do Presidente do Simpa, César Pureza, e endossamos integralmente a sua manifestação.

O que me traz à tribuna é uma reflexão sobre o avanço dos direitos humanos que hoje é comemorado no mundo inteiro. Esses direitos são manifestados por todos, mas pouco praticados.

Hoje, na Sessão da manhã, fui brindado com a manifestação do Ver. José Valdir quando mostrou o interesse na aprovação do projeto que envolve o Sistema Municipal de Educação. Eu lhe respondi gentilmente que, lamentavelmente, não poderia apoiar o seu projeto porque ele não foi discutido por ninguém nesta Casa. O projeto ingressou em fevereiro, ficou até final de outubro com o Vereador e agora, neste início de dezembro, está chegando para votação um projeto de magnitude imensa, mas que não teve qualquer discussão por parte desta Casa. As questões de educação devem ser tratadas com mais seriedade, não podem ser tratadas assim.

Lembro, Ver. José Valdir, que hoje a Bancada do PT na Assembléia Legislativa e a Bancada do PSB fizeram uma manifestação forte criticando o Governo Estadual por encaminhar em última hora um projeto que trata do Fundo Estadual de Educação. Aqui, ao contrário, o Governo faz a mesma coisa que critica lá na Assembléia Legislativa. Então, é muito complicado entender as questões sobre a educação.

Como falava sobre os direitos humanos, estou procurando me justificar, porque hoje é um dia importante de desprendimento, de sensibilidade, e tenho ficado pasmo nesta Cidade com a pouca ação da Fundação de Educação Social e Comunitária.

Acho que temos uma estrutura de assistência social no Município de Porto Alegre que não dá a resposta que a população precisa. Eu os convido, Srs. Vereadores, para passar na esquina do Shopping Praia de Belas. Ontem, por volta de 20 horas, havia crianças de três a 15 anos naquela esquina. Eu contei 16 meninas e meninos. Senti-me envergonhado como porto-alegrense, como cidadão, por ser um parlamentar e não ter como criar uma solução para isso. Isto é vergonhoso. Nós pagamos Conselheiros Tutelares, nós pagamos uma estrutura na Fundação de Educação Social e Comunitária para quê? Com que objetivo?

Srs. Vereadores, simplesmente estão ali as crianças diuturnamente, em uma situação promíscua, com tóxicos. Já denunciei na Comissão. V. Exa. recorda quando veio aqui a Brigada Militar, mas isso é o ano inteiro, Vera. Maria do Rosário. É nossa obrigação. É obrigação da Comissão de Direitos Humanos da Casa. Quando presidia a Comissão de Educação desta Casa, manifestei-me várias vezes. Não podemos continuar aceitando esse tipo de situação em Porto Alegre. A FESC tem-se omitido do problema. Já foi criado Programa de Renda Mínima, já foram criados não sei quantos programas, mas penso que são programas só para dar emprego, só para CCs, só para aumentar a estrutura burocrática, não para resolver o problema dos menores. Vejo o Governo do Estado fazendo programas integrados com o Município, prestando assistência de leite, disso e daquilo. E a FESC existe para quê? É para sairmos daqui e ver essas crianças, desassistidas? Não são meninos e meninas de rua - todos nós sabemos que esta palavra foi abominada pela Câmara Municipal de Porto Alegre; são crianças desassistidas pelo Poder Público. Nós pagamos impostos, temos uma Fundação de Educação Social e Comunitária para cuidar dos programas de assistência e eu, desde que entrei nesta Casa, Vera. Maristela Maffei, vejo as crianças no mesmo lugar. Vereadora, não mudou nada. Não mudou coisa alguma! São nove anos do seu Governo de ineficácia total na área de assistência. Sinto-me envergonhado!

No Dia dos Direitos Humanos nós precisamos dar o direito a essas crianças de serem cidadãs, e não de viverem nas esquinas, miseravelmente, sendo prostituídas. E aí falamos de prostituição infantil. Não sou demagogo, Vereadora. Vá lá olhar e depois me responda se V. Exa. não vai se sentir envergonhada. Crianças com três anos de idade, dois anos, dez, nove, meninas, meninos, todos jogados. E todo mundo bem empregado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, peço licença para quebrar um pouco o ritmo acelerado da Sessão e fazer um registro muito especial: o Município de Porto Alegre recebeu, no último fim-de-semana, por doação, um novo parque natural.

O novo parque se chama Gabriel Knijnik, que foi o doador dessa gleba. São cerca de 12 hectares na Vila Nova, com mata nativa, com uma riqueza fabulosa de recursos naturais. Esse novo parque vai ficar à disposição da Cidade a partir de agora, por conta da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

É justo que esta Casa faça o registro, porque se trata de uma doação, um gesto nobre de Gabriel Knijnik, que, em vida, disse que recebeu da Cidade tudo a que tinha direito e até mais, e que queria contribuir, após o seu desaparecimento, com alguma coisa que ficasse permanentemente à disposição da Cidade. E doou essa área: quase 12 hectares na Vila Nova, na Estrada do Amapá, nº 2001.

 Na solenidade de posse da gleba estavam presentes o Prefeito Municipal, Raul Pont, o Secretário do Meio Ambiente, Hideraldo Caron. Esta Casa esteve representada pelo Ver. Guilherme Barbosa, pelo Ver. Décio Schauren e por mim. Assistimos ao recebimento dessa área.

 Faço esse registro para ressaltar o gesto nobre dos descendentes de Gabriel Knijnik, que, interpretando a sua vontade, entregaram essa gleba ao Município. E o Município, doravante, será enriquecido com esse parque natural, que fica numa das mais belas regiões de Porto Alegre. Está à disposição da Cidade a partir de agora. Só falta um complemento: o Município de Porto Alegre terá que gestionar com a sucessão de Gabriel Knijnik a compra de outros quatro hectares, que farão com que o parque tenha entrada e saída por dois lados da Cidade. Isso será facilmente conseguido mediante uma negociação.

 Faço esse registro para ressaltar o caráter nobre da doação e para que essa doação possa servir de estímulo a outros doadores de outros parques ou de outros equipamentos que a Cidade possa vir a desfrutar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3706/97 -  PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 043/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº 1127, de 21 de novembro de 1991, que estabelece o regulamento para substituições temporárias de titulares de cargos em comissão e funções gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre, aumentando a área de recrutamento para substituições de titulares de cargos em comissão em licença de repouso à gestante e à puérpura e dando outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em Pauta o Projeto de Resolução 43/97, da Mesa Diretora, que estabelece o regulamento para substituições temporárias de titulares de cargos em comissão e funções gratificadas. Na verdade, ele somente amplia a área de recrutamento e seleção de funcionários em licença de repouso à gestante e a puérpera, que são licenças de, aproximadamente, 120 dias.

O que o Projeto de Resolução da Mesa prevê é que esses cargos em substituição sejam exercidos por pessoas não detentoras de cargo público. Observem bem, Srs. Vereadores, porque estamos modificando o regulamento para permitir que pessoas estranhas ao quadro de funcionários substituam funcionários em cargos em comissão ou funções gratificadas.

Na primeira análise, a pretensão da Mesa Diretora é meritória. Por quê? Porque são altos os índices de desemprego em Porto Alegre e na Região Metropolitana, que está, aproximadamente, em torno de 14% de desempregados. Então, pretende-se ocupar pessoas não vinculadas ao serviço público para ocuparem, temporariamente, esses cargos.

Agora, o que nos preocupa é que o desemprego que graça na Região Metropolitana e em Porto Alegre, especialmente, é motivado, também, pela falta de iniciativa do Governo Municipal em instituir qualquer incentivo ou estímulo para que empresas se instalem no Município, gerando empregos e renda para a nossa população. Ora, Srs. Vereadores, é impressionante a falta de iniciativa, meu ilustre Ver. Adeli Sell, no sentido de atrair empresas para o nosso Município. Porto Alegre está fadada a aumentar o seu desemprego, a diminuir a sua arrecadação tributária e a ser uma cidade dormitório.

Por outro lado, preocupa-nos que, na prática, essa resolução possa servir para aumentar a indústria da substituição dos cargos de confiança. Já vimos, Srs. Vereadores, essa prática em andamento há pouco tempo nesta Câmara Municipal, em que, para vagas aos cargos, foi exigida uma vinculação partidária com o PT, ou pela filiação partidária ou pelo compromisso com a causa socialista que o PT defende. Por isso, nós devemos nos preocupar com a prática, porque, é bom lembrar, os funcionários desta Câmara são servidores de toda a sociedade porto-alegrense e não servidores de um determinado partido político. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para discutir a Pauta, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou contra a pressa que não houve para atender aos que estavam sendo violentados. Ali eu queria pressa: fazia-se uma violência. Eu consultei duas vezes o Sr. Secretário de Obras, falei com o Prefeito, falei com o Líder do PT. Não consultei a Comissão de Direitos Humanos. Parece que aqueles humanos da Perimetral não tinham direitos.

Sou contra a pressa com que se quer votar esse Projeto de Resolução. Entrou dia 8, hoje está em seu primeiro dia de Pauta. Quem sabe vão fazer Sessões Extraordinárias - que seriam mais ordinárias do que extras - para fazer a aprovação. Não quero estudar nada com pressa. Quem não tem pressa para cuidar daqueles que estavam sendo desalojados não pode ter pressa para votar esse tipo de matéria, que deve ser votada no início do ano, quando todos os Vereadores têm tempo, podem analisar e não têm pressões. Não adiantou eu fazer uma pressão para que o Executivo fosse lá ajudar aquelas pessoas que estavam sendo violentadas. Ninguém vai me fazer ter pressa. Não posso entender que alguém nesta Casa tenha pressa quando não foram atender àqueles desalojados e tenha pressa para votar esse tipo de matéria. Essa matéria pode ser interessante. E falo com a tranqüilidade de quem, como Prefeito, colocou no Estatuto do Servidor Público Municipal a licença para gestante e, mais do que isso, a licença para a mãe que adota um filho. Não vejo por que - e não tenho condições de analisar, porque só recebi agora -, de repente, se escudando na gestante, outras coisas possam ocorrer. Portanto, quem não tem pressa para cuidar dos desalojados da Perimetral não pode ter pressa para votar essa matéria. Eu proporia que ela fosse retirada da Pauta e que fosse levada para o próximo ano, como outras matérias que aqui estão, criando cargos como um “trenzinho da alegria” de fim de ano. Não entendo a pressa, já que não houve pressa para ouvir - com exceção dos Vereadores Elói Guimarães e Maria do Rosário - as pessoas da Perimetral. Mas não houve pressa do Secretário de Obras e Viação, não houve pressa do Secretário Municipal dos Transportes - eu nem chegava a concluir o meu pronunciamento contra o projeto que ele colocava aqui com pressa e ele já estava no telefone para falar comigo e dizer que o projeto era muito bom. Não houve pressa para atender pessoas que residiam há 40 anos no local, com documentos. Mas a Prefeitura retirou-os de uma forma desumana, demolindo, sem analisar os documentos que tinham.

Não pode haver pressa para discutir projetos que trazem favores. Quando os direitos humanos valem para poucos, eu prefiro acreditar que o direito nasce do dever. E é meu dever propor que essa matéria seja retirada da Pauta. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o projeto em Pauta me preocupa profundamente porque ele faz a modificação de uma resolução de 1991, aprovada por esta Casa, quando este Vereador era seu Presidente e hoje, Presidente, quem propõe alteração é o seu Secretário.

Eu quero lembrar e avivar a memória dos Vereadores mais antigos da Casa - e o Ver. Lauro Hagemann certamente vai lembrar do episódio - de que tínhamos um Vereador, hoje não mais entre nós, que foi, publicamente, acusado de empregar o seu progenitor, e que este ficava, permanentemente, em licença médica e na substituição do seu progenitor o Vereador colocava novo funcionário. Isso durou anos e anos, até que um Presidente da Casa tivesse coragem e, com o aval do Plenário da Casa, resolvesse acabar com a situação escandalosa. Nós partimos, então, para uma solução drástica, que foi, exatamente, a interdição absoluta da substituição de todo e qualquer CC nas condições em que isso implicasse ônus para a Casa.

     O que se está agora propondo, Ver. Cláudio Sebenelo, V. Exa. que é novo na Casa, Ver. Pedro Américo Leal, que retorna à Casa, é o início de uma porta escancarada, porque, aparentemente, o que se propõe agora pode ser até justo - a substituição de funcionárias no período de gravidez -, e, por força da Constituição - o Ver. Lauro Hagemann vai me acompanhar nesta reflexão -, nós logo vamos abrir para mães adotivas e depois para pais, ou seja, maridos de mães, e depois vamos abrir, também, para pais adotivos. E a partir daí ninguém segura mais e vamos voltar, exatamente, naquilo que o Ver. João Carlos Nedel ainda há pouco classificava como a indústria da substituição dos cargos de confiança.

     Mas o que me preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que todos os três projetos que estão vindo da Mesa Diretora - Projetos de nº 3657 e nº 3658 -, por casualidade, chegam ao Plenário da Casa apenas com quatro assinaturas dos seis membros da Mesa Diretora. Nem os Vereadores Carlos Garcia e Isaac Ainhorn assinaram nenhum dos três projetos, inclusive os dois projetos que criam novos cargos de confiança na Casa.

     Acho estranha essa situação porque, até agora, não consegui entender qual é a reorganização que, de fato, quer se fazer nesta Casa. Mas entendi, claramente, uma coisa: a bancada de situação leva uma grande vantagem nessa reorganização, disso não há a menor dúvida. Em contrapartida, o Secretário da Casa acaba de anunciar um dos tantos projetos - no meu entendimento - verdadeiramente escandalosos, que é o Processo nº 3375, que se encontra em votação hoje, e que abre a aplicação de FGs a funcionários cedidos de outros poderes para o Município. Alerto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, se aprovado esse projeto, estaremos, de novo, escancarando uma porta de prejuízo aos funcionários municipais devidamente concursados. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece-me que a Mesa Diretora tem buscado equacionar uma série de questões administrativas no dia-a-dia desta Casa e este é um dos projetos que envolve essa busca de equacionamento dessas questões. São projetos amadurecidos ao longo do tempo, discutidos ao longo dos anos; são matérias que não são novas para nós. Todas essas matérias que estão sendo colocadas pela Mesa Diretora, os projetos de autoria da Mesa, são processos que vêm em discussão, já amadurecendo ao longo do tempo, diferente de outros que estão aí, previstos na votação e na Pauta, que não tiveram nenhum amadurecimento, nenhuma discussão, como é o caso da questão da educação em Porto Alegre, este projeto que trata de uma matéria tão delicada, que envolve todo o sistema de educação do Município de Porto Alegre, e que, de repente, o Ver. José Valdir fica, durante nove meses, com o projeto que deveria ter sido discutido de forma ampla pelo Poder Executivo, com a sociedade. Porque essa é, na verdade, a competência do Poder Executivo, de fazer isso. Foi dada ao companheiro de partido, Ver. José Valdir, companheiro do Prefeito, a possibilidade de apresentar o projeto, fazendo ele a discussão pessoal, mas não a Câmara de Vereadores, não os setores da educação, e se quer agora, num passe de mágica, votar.

Volto a dizer, especialmente aos Vereadores que são os professores, o Ver. Garcia, a Vera. Maria do Rosário, o Ver. José Valdir, que hoje o Partido Socialista Brasileiro, PSB, está lá se manifestando através da Deputada Maria Augusta, contrária ao Governo do Estado, que está apresentando um projeto de última hora; o Ver. José Valdir está fazendo a mesma coisa aqui e lá, o PT e o PSB, Ver. Garcia, mas interessante que lá o seu partido e o partido do PT estão queimando o Governo Estadual por apresentar um projeto, no final do ano, para discutir matéria tão importante: a educação. Mas aqui em Porto Alegre é válido. Aqui pode, aqui não tem problema, porque o partido está no governo. Então, pode apresentar projeto de última hora, sem nem passar pela Comissão de Educação da Casa.

Ora, como é que nós vamos votar um projeto que não passou pelas Comissões? Eu acho que os Projetos de Lei têm que ser amadurecidos para chegar à votação; não podem ser remetidos à Casa de forma que não haja discussão. Então, este projeto que a Mesa apresenta vem sendo discutido há alguns anos, não é coisa de agora. Tenho certeza de que o Ver. Clovis Ilgenfritz e os demais membros da Mesa avaliaram a apresentação deste projeto detidamente, porque havia já uma discussão prévia das Lideranças desta Casa, dos Vereadores em cima destas questões. Então, os projetos que a Mesa tem encaminhado são frutos, justamente, desta manifestação. Não é o caso deste exemplo que eu dei, do projeto que trata no âmbito do Município da criação do Sistema Municipal de Educação, que não teve nenhuma discussão e muito menos os Vereadores tiveram a oportunidade de discutir e de conhecer a matéria no âmbito das Comissões, de ver a legalidade ou não.

Então, nós precisamos, na verdade, Srs. Vereadores, tratar as questões com muita seriedade para não cometermos erros e termos arrependimentos. A nossa educação está no que está, de uma forma geral, por esses erros que se cometem. Nós não podemos, aqui na Câmara, votar Projetos de Lei sem o aprofundamento necessário. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicito a V. Exa. 10 minutos, na forma do art. 94 do Regimento, para um assunto não previsto na Ordem do Dia da Sessão. O assunto é a violência já consumada na Perimetral.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estava, casualmente, acompanhando a fala de alguns Vereadores a respeito desse projeto. Considerei estranha a forma como os Vereadores o abordaram. Em primeiro lugar, talvez, por uma questão de mérito da discussão, não entraram no mérito, propriamente dito, do projeto. Essa é uma primeira hipótese: a forma de fazer a discussão, ou seja, o método.

Em segundo lugar, Ver. Pedro Américo Leal, os Vereadores demonstraram estar desinformados sobre o projeto. O que está sendo discutido, nesse projeto que está correndo Pauta em 1ª Sessão, é uma situação conhecidíssima de todos nós: a das companheiras CCs e companheiras funcionárias gestantes, que têm direito a 120 dias de licença, poderem ou não ser substituídas. É isso que está em discussão.

 Alguns Vereadores falaram que o PT está usando o projeto para se beneficiar. Fizeram acusações sobre as reformas que a Mesa está instituindo na Câmara. Eu não entendi essa argumentação. Sinceramente! Nós podemos até estar cansados. Estamos, de fato, pois estamos encerrando a legislatura, mas o fato de estarmos com um certo “stress” não autoriza nenhum Vereador a ocupar o tempo de discussão para falar em outros assuntos e muito menos fazer genéricas acusações sobre a condução da Câmara Municipal de Porto Alegre sem mostrar provas de prejuízos concretos a alguém. Não existe isso aqui! Esse projeto é absolutamente claro: nós estamos - peço a atenção das companheiras Vereadoras - tentando resolver um problema de natureza cultural dentro deste Poder Legislativo, que nunca reconheceu, plenamente, os direitos das mulheres CCs e das mulheres servidoras. É isso que está em discussão aqui. Portanto, os Vereadores que não se escondam em argumentações políticas genéricas para fugir da discussão do mérito do que está aqui.

 A pergunta que a Mesa está fazendo - não é a Bancada do PT - ao conjunto dos Vereadores homens e ao conjunto das companheiras mulheres é se nós concordamos com a proposta de que CCs gestantes e servidoras gestantes deste Poder possam ser substituídas por outra pessoa, especificamente por esse prazo e dada esta situação. Nós concordamos com isto e estamos apoiando o projeto da Mesa. É esta discussão que está aqui. Então, não venham contrabandear argumentações em cima de um projeto em que não está sendo avaliado, neste momento, por exemplo, o balanço da Mesa Diretora da Casa.

 

(Discurso interrompido por falta de som no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Suspenderemos os trabalhos por 15 minutos pela falta de condições de trabalho devido aos problemas de som.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já que não temos condições de discutir, gostaríamos, mesmo que não haja som, se houver acordo, de discutir um ou outro projeto, até mesmo no outro Plenário, que tem melhores condições de som.

 

O SR. PRESIDENTE: Em 15 minutos discutiremos esse assunto. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h29min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h05min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. João Motta está com a palavra para concluir o seu pronunciamento.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, embora as condições estejam precárias, vou concluir o que estava colocando. Estamos discutindo o projeto da Mesa que constitui uma proposta para o problema que estamos enfrentando na Câmara, que é o caso de funcionárias com FGs e CCs da Câmara quando em situação de exercer o direito de licença gestante por 120 dias. Há orientação na Casa de que essas pessoas só podem ser substituídas por CCs do próprio gabinete ou de outros gabinetes. Isso cria uma situação tensa para os responsáveis pelos gabinetes para incorporar, nas suas equipes de trabalho, mulheres. Por quê? Porque sabem da dificuldade de conseguir retirar CCs do seu gabinete ou FGs lá do setor “x” para vir para o seu gabinete que tem, eventualmente, uma CC que está em licença gestante, porque vai deslocar uma pessoa de um setor para outro.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou de acordo com o projeto e só tenho mulheres trabalhando no meu gabinete.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Por coincidências, 90 % das pessoas que trabalham no meu gabinete são mulheres, e não é pelo fato de serem mulheres, mas porque são competentes e de confiança.

Eu concluo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tentando exatamente dizer isso: eu acho que o mérito do projeto é que, pela primeira vez, a Mesa teve a coragem de enfrentar de frente esse problema, não adotando o que outras Mesas e outros Presidentes fizeram, que sucumbiu pelo preconceito e pelo machismo. Esse é o problema: não tiveram a coragem de enfrentar de frente. Esse é o mérito do projeto, em primeiríssimo lugar. Em segundo lugar, a Mesa está dando tratamento a essa situação, que nem as empresas tradicionais dão, que é de não admitir mulher, haja vista o risco de terem mais um ônus na folha de pagamento. Não sei de onde alguns Vereadores que me antecederam na discussão da Pauta tiraram que este projeto vai beneficiar a bancada “a” ou a “b”. O projeto da Mesa tem mérito. A Câmara está, pela primeira vez, enfrentando o machismo enrustido de alguns Vereadores, inclusive de alguns que presidiram esta Casa e que não tiveram a coragem e a transparência para enfrentar esse debate. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta teve o seu tempo interrompido, mas retomou o seu pronunciamento sobre um assunto sério. Confessadamente, quero dizer que com ele me solidarizo, como o faz também o Ver. Pedro Américo Leal.

O 1º Secretário, no exercício da Presidência, dentro das faculdades que o Regimento lhe confere, assegurou ao Ver. João Dib o tempo especial de 10 minutos. Temos que apregoar algumas emendas e, logo após, o Ver. João Dib terá seus 10 minutos. Nós, sistematicamente, não consideramos esse tempo.

 

O SR. SECRETÁRIO: Apregoamos Emenda, de autoria do Ver. Carlos Garcia, ao PLCL 06/97. Apregoamos Emenda ao PLL 54/97 e Emenda ao Substitutivo nº 01 ao PR 24/97, ambas de autoria do Ver. Carlos Garcia.

 Apregoamos Requerimento de renovação de votação, de autoria do Ver. Fernando Záchia, ao Processo 2992/97 - PLCL 24/97.

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos ainda que foi deferida, nos termos regimentais, a retirada do Substitutivo nº 01 ao Processo 3302/97 - PLL 193/97. O requerente é o próprio autor do Substitutivo, Ver. Adeli Sell.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Eu peço desculpas ao Ver. João Dib, mas, em função de uma conversa que tivemos agora com algumas Lideranças e Vereadores da Casa, solicito que fizéssemos uma segunda alteração na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, logo após o Tempo Especial ao Ver. João Dib e antes de iniciarmos a Ordem do Dia, V. Exa. terá a preferência no Requerimento.

O Ver. João Dib está com a palavra em Tempo Especial, nos termos da alínea “f” do § 1° do art. 94 do Regimento.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a vida nos leva a estranhos caminhos e nos dá estranhos companheiros de viagem. Eu estou dizendo isso porque hoje muitos dos meus companheiros de viagem me decepcionaram. A violência foi consumada. Aquilo que pela manhã eu dizia desta tribuna que era necessário, urgente - uma intervenção da Câmara Municipal -, resultou em nada.

Estranhos companheiros de viagem acostumados a enfrentar a polícia e a falar mal dela depois! Mais do que enfrentar, afrontar. Mas nada tinham que fazer por aqueles que estavam sendo violentados nos seus direitos humanos.

Sou favorável a uma tese: o direito nasce do dever. Se todos cumprissem com seu dever, as injustiças não ocorreriam. Todos, indistintamente, viveriam bem.

Mas o Secretário de Obras e Viação, procurado por mim duas vezes, não podia decidir. Se eu não tivesse sido Secretário de Obras e Viação, até aceitaria a desculpa dele. O Prefeito desta Cidade, procurado por mim, não conhecia o que estava acontecendo; mas, se eu não tivesse sido Prefeito, eu entenderia a hesitação do Prefeito, que viaja muito e não conhece bem Porto Alegre - fez muitas viagens ao longo deste ano. Então, ele veria o que está acontecendo para depois tomar alguma providência. O Secretário de Obras me pediu 10 minutos para uma resposta. Meia hora depois, ele me devolveu uma resposta dizendo que estava procurando solução na Procuradoria. Enquanto ele esperava a solução, tudo aconteceu: havia pressa para demolir.

Os moradores da Vila do Cristal, do Campos do Cristal e os que aqui estão hoje, é bom que saibam como são tratadas as pessoas quando não há interesse; quando não há algum interesse por trás, aí são tratadas dessa forma. As suas casas foram derrubadas pela retroescavadeira. Não havia nenhuma empresa atrás para trazer alguma vantagem para a Prefeitura. Eram pessoas simples, do povo, que não tinham defensores. Faltaram a eles defensores. Agora, os que aqui estão e trazem cartazes da Vila Cristal, que solicitam a permuta, pedem: “Srs. Vereadores, nos dêem um presente de Natal: votem o projeto de lei da permuta”. Para aqueles moradores da Perimetral que estavam ali há 40 anos, a Prefeitura não tinha nada para fazer, não tinha troca; ela não tinha vantagem para levar. E é por isso que estou alertando, porque amanhã, talvez, os senhores sejam violentados também, porque, quando se permite para este ou para aquele, permite-se para qualquer um. E os humanos da Prefeitura, os humanos da Bancada do PT, não hesitaram ao levar quase toda a Câmara aqui para o prédio ao lado porque ali estavam os sem-terra, mas não fizeram nada pelos que ficaram sem teto, absolutamente nada.

Eu fui diretor do DMAE por duas vezes e hoje tive a tristeza de ver o meu DMAE, com retroescavadeira, cortando a água das pessoas que estavam com a conta paga, cortando a água no passeio, arrancando os medidores de luz, tirando as casas, levando pessoas de idade ao Pronto Socorro. E nada comoveu o grande Prefeito viajante desta Cidade! Será que as pessoas sabem quantas vezes o Prefeito viajou neste ano? É por isso que ele não sabe o que está acontecendo na Cidade; é por isso que o seu representante, que é meu amigo, desapareceu daqui hoje. Tenho mágoa, e mágoa profunda pelo que vi ocorrer hoje. Tenho tristeza quando vejo que a Bancada do PT quer votar mais. Mas mais o quê? Para tomar mais o quê? Para agredir mais quem? Tenho tristeza na minha alma.

Os moradores vieram aqui na Casa e os Vereadores Elói Guimarães e Maria do Rosário os atenderam com toda a gentileza, mas a alta administração da Prefeitura estava procurando tempo. Mas quero dizer aos Senhores que a Vila do Cristal, do Campo do Cristal, que, se tivesse alguma vantagem na troca, estaria toda a Prefeitura aí, como na segunda-feira, quando fazia um pronunciamento contra o projeto de lei do Prefeito, contra uma idéia da Secretaria Municipal dos Transportes. Eu nem havia descido da tribuna e o Secretário dos Transportes já estava no telefone para me explicar, o mesmo Secretário dos Transportes que me negou uma audiência. E eu fui Secretário dos Transportes só duas vezes e fui Prefeito dele também, mas quando ele ouviu falar que o Ver. João Dib estava na tribuna criticando o seu projeto, aí foi ao telefone.

Essa gente faz com que os senhores tentem pressionar os Vereadores. Nós não precisamos da pressão dos senhores, porque somos responsáveis; nós acreditamos nas necessidades e direito dos senhores. Eles têm um folheto explicativo de como é que se faz a pressão com um histórico agrícola. Eles não tiveram dúvida nenhuma de retirar aquela gente dali, à força. É a mesma gente que fez, na Vila Planetário, o simbólico enterro do Ver. João Dib. E, ao mesmo tempo que davam o direito real de uso, tiravam pela força, na Rua Ary Tarragô, outras famílias, porque lá não dava voto, lá não havia troco, e aqui havia. Por que não dar direito real de uso a quem estava lá há 40 anos? Por que usar a força da máquina, a força da polícia? Mas são os que condenam a polícia, quando ela se apresenta nos locais! Mas por que tudo isso? É porque não ganhavam nada com aquela gente que ali estava. Agora, quando tem de trocar com a Multiplan, com o Shopping, com o Supermercado Real, com o Shopping do Moinhos de Vento, quando há retorno, aí eles são ágeis, eficientes e até esquisitos.

Estou cuidando os adjetivos, para que os amigos do PT não fiquem magoados.

Lá no Shopping do Real, gastaram 200 mil reais em obras. Mas será que foi somente esse valor? Não houve outros gastos? No Shopping Moinhos de Vento há o alargamento da Av. Goethe. Mas será que foi somente isso? Será que não ocorreu mais algum fato? Aqui o que se lê sobre o Shopping Cristal pode não ser o que acontece. Porque eu não posso entender que para uns há toda a pressa do mundo para demolir, para tirar os direitos. Há tanta gente falando nos direitos humanos! Os direitos dessas pessoas não eram humanos? Com documentos que não foram examinados, não foram lidos? E é tão verdade que os documentos deviam valer alguma coisa, que um dos moradores, mais rápido, mais eficiente, buscou um advogado que entrou com agravo, e o juiz sustou a liminar para aquele morador. Agora, a Prefeitura não podia analisar isso. A Prefeitura deve estar odiando esse morador. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que apregoe as duas emendas que chegaram à Mesa relativas ao Proc. 3302/97

 

O SR. 1° SECRETÁRIO: Apregoamos as Emendas 01 e 02 ao PLL 193/97, ambas de autoria do Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, como anunciei antes da fala do Ver. João Dib, quero fazer um Requerimento de inversão na apreciação dos projetos da Ordem do Dia. Depois dos debates dos Vereadores Fernando Záchia, Nereu D'Ávila, Antonio Hohlfeldt e outras Lideranças, solicito que o PLE 56/97 seja votado antes.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu me comprometo com V. Exa. que, tão logo ingressemos na Ordem do Dia, nós apresentaremos o seu Requerimento.

A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apesar do grande número de projetos e das importantes discussões que nós temos que levar ainda, nesta tarde, nesta Casa, eu solicitei o tempo de Liderança do meu partido, o PMDB, para falar de um ato que aconteceu na nossa Cidade, da maior importância política. Hoje, todas a universidades brasileiras, as universidades federais, organizaram, em suas reitorias, atos públicos em defesa da Universidade.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizou, na sala do Conselho, uma assembléia universitária, que é um ato que acontece em momentos de grande importância política daquelas instituições, das universidades públicas federais. Nessa reunião estavam presentes representações políticas de várias entidades, entidades de pesquisa, entidades acadêmicas, entidades da sociedade gaúcha, inclusive várias outras universidades do interior do Estado e de outras regiões do País que lá participavam na defesa da universidade pública brasileira.

Todos nós sabemos que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem uma importância enorme, não apenas na formação acadêmica dos seus quadros, mas, também, a produção do seu conhecimento tem tido uma influência fundamental no desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul. Isto pode ser comprovado através do seu trabalho científico na área da biotecnologia, na produção do conhecimento da área química, no potencial desenvolvido através das suas pesquisas, esta história secular que chegou a concluir através do conjunto das universidades. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, hoje, precisa ser reafirmada pela dificuldade advinda de uma política de fragmentação da sociedade, que põe em risco o andamento deste curso de produção acadêmica e científica brasileira, da qual a Universidade gaúcha está seguramente na vanguarda.

Hoje, o orçamento proposto pela União às universidades federais do Brasil foi reduzido para 1/4 daquilo que é necessário para a manutenção da estrutura hoje vigente. Isso constitui um problema seriíssimo não apenas para as universidades, mas para o desenvolvimento brasileiro, porque só nas universidades públicas se produzem conhecimento e pesquisas que têm alavancado as áreas de ponta do desenvolvimento brasileiro.

Na reunião presidida pela Reitora Wrana Panizzi com todas as entidades internas da Universidade, foi afirmado o compromisso de luta pela universidade pública e foi reafirmada a necessidade de articulação de toda a sociedade pelo fortalecimento da UFRGS para que ela consiga manter, hoje, o número de cursos, especializações, pesquisas, convênios internacionais com todos os continentes, onde a Universidade tem produzido o verdadeiro conhecimento científico, que é o conhecimento universal e que é aquele que é democratizado para o conjunto das camadas sociais brasileiras.

Nós, enquanto Câmara Municipal de Porto Alegre, que estivemos presentes naquele ato, fizemos o cumprimento de uma ação política e uma ação cívica no momento em que se rediscute em todo o Brasil o papel da Universidade e enquanto as universidades se articulam com o mundo político e com as entidades institucionais para a preservação desse patrimônio e na redefinição dos caminhos da Universidade, que deve ser a produtora de conhecimento para o conjunto da sociedade brasileira, para que seja uma instituição que produza para os seus alunos, mas que transforme esse conhecimento em um desenvolvimento mais justo e mais igualitário para o conjunto da sociedade. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Vera. Maria do Rosário para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu ocupo a tribuna, neste momento, respeitando a utilização do art. 94, pelo Ver. João Dib, em dois momentos no dia de hoje.

O Ver. João Dib trouxe uma situação específica acerca do despejo de famílias na Loureiro da Silva. Quero declarar ao Ver. João Dib e a todos os Vereadores que nos acompanham que, na qualidade de Presidente da Comissão de Direitos Humanos, nós estamos fazendo gestão junto à Prefeitura Municipal, que estamos buscando, junto ao Secretário de Obras, encaminhamento para a questão, e quero dizer a V. Exas. que o que recebemos, até este momento, é a informação precisa de que esse processo é um processo que vem de longa data e que está sendo debatido entre aquelas famílias e a Prefeitura já há um longo tempo. Portanto, trata-se de algumas famílias que têm todo o nosso respeito.

Todos nós sabemos o quanto é difícil, o quanto é triste uma situação de despejo, mas sabemos também que a responsabilidade daquele que detém a função de Prefeito Municipal é guardar e zelar pelo patrimônio público, e assim ele está fazendo através dos fóruns judiciais, buscando a reintegração de posse daquela área. Não se justifica qualquer atitude que não seja do mais elevado nível de respeito àquelas famílias, e a nossa bancada está acompanhando para que se viabilize e permaneça viabilizado o diálogo com as famílias na busca de uma solução. Para a questão da moradia, é preciso solução, não basta haver discurso. Nós estamos acompanhando a questão na prática. Eu quero dizer ao Ver. João Dib que não estaremos acompanhando só neste momento e durante esta Sessão. Ao sairmos daqui, estaremos visitando, assim como a assessoria está fazendo, as famílias para a busca de um encaminhamento. No entanto, eu quero fazer um pedido aos Srs. Vereadores, que é um pedido que sei que será atendido: temos cerca de 1.700 famílias, Ver. João Dib, ameaçadas de despejo por reintegração de posse para a Cia. Guerino; trata-se do nosso Parque dos Maias, Ver. João Dib. São 1.700 famílias que, possivelmente, antes do Natal, estarão ameaçadas de despejo. E assim como nós estamos respeitando e encaminhando a situação dessas três, quatro, cinco famílias, porque temos reconhecimento pelo direito dessas famílias, nós convidamos V. Exas. a serem nossos parceiros para que essas 1.700 famílias não sejam despejadas da área em que estão morando, dos apartamentos em que estão morando no Parque dos Maias. Estamos fazendo um singelo convite. Porque o BNH foi desmontado, a COHAB foi desmontada, inexiste financiamento - e os senhores me permitam dizer isso - para famílias que ganham até três salários mínimos, e porque devemos garantir, quando se trata da questão da moradia, o amplo direito de defesa àqueles que estão ocupando.

E é por isso que, quando a Prefeitura trata dessas questões, trata seguindo os trâmites judiciais, como deve ser, com a responsabilidade social e política que tem. Mas existe, sim, uma defasagem de moradia muito grande em Porto Alegre, e para enfrentarmos essa defasagem de moradia não bastam os recursos do Município; é preciso financiamentos, é preciso políticas, é preciso que não haja um desmonte das políticas estadual e federal, como vemos nos dias de hoje.

Srs. Vereadores, acompanhamos o despejo da Vila Nazaré, acompanhamos o despejo na Vila Antônio de Carvalho, acompanhamos situações tristes neste ano de 1997. Não queremos que essas situações permaneçam, nem em relação a essas três famílias, nem em relação às 1.700 que estão ameaçadas no Parque dos Maias. Por isso, concluo dizendo que o nosso desejo é de que votemos imediatamente, que passemos imediatamente a votar a situação do Shopping Cristal, a situação da Vila Campos do Cristal. Essa comunidade tem estado presente dia após dia e também é credora na luta pela moradia, assim como essas três famílias que respeitamos, e estaremos, ao final desta Sessão, vendo quais encaminhamentos serão possíveis, e os que não forem nós os faremos ser, Ver. João Dib, juntos, assim como, tenho certeza, estaremos juntos no Parque dos Maias. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA <E>

 

De início, submetemos à apreciação dos Srs. Vereadores o Requerimento que nos foi encaminhado por várias Lideranças, que propõe o reordenamento da Ordem do Dia, votando, em primeiro lugar, o PLE nº 056/97 e, posteriormente, PLL nº 162/97, PLL nº 115/97, PLL nº 201/97, PLL nº 202/97, Projeto de Resolução nº 024/97, Projeto de Resolução nº 034/97, Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 002/97, Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 003/97 e Projeto de Resolução nº 041/97.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: O Projeto de Resolução nº 041/97 não está no acordo. Peço que o PT respeite o acordo.

 

O SR. PRESIDENTE: Consulto se podemos votar sem o Projeto de Resolução nº 041/97. (Pausa.) Retirado o Projeto de Resolução nº 041/97.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Só para que não haja dúvida, o Ver. Antonio Hohlfeldt tem todo o direito de fazer as suas críticas. Agora, o Partido dos Trabalhadores não tem nada a ver com essa situação. A relação dada à Mesa foi acordada por todas as Lideranças.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Retiro, sem nenhum problema, Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE: A bem da justiça, preciso salientar que quem nos trouxe a indicação do Projeto de Resolução nº 041/97 não foi a Liderança do Partido dos Trabalhadores.

Em votação o Requerimento que propõe nova ordem de votação aos projetos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com abstenção dos Vereadores José Valdir e João Dib.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: É só para dizer que tentei, por três vezes, fazer a solicitação para que a Mesa repetisse o conjunto das propostas de votação. Não consegui ser atendida e, por isso, estou-me abstendo da votação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão abstém-se da votação. Acho que a reclamação da Vereadora é extremamente procedente. Tenho insistido no pedido de colaboração dos colegas. Temos dificuldade de conduzir a Sessão. Algumas matérias são polêmicas, todos se manifestando simultaneamente. Peço escusas públicas à Vera. Clênia Maranhão por esta nossa falha.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Tendo em vista que vários Vereadores estão em dúvida, V. Exa. poderia repetir a ordem da votação?

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Concordo com V. Exa. e vou repetir a ordem de votação dos projetos.

 

(O Sr. Presidente repete a ordem de votação dos projetos.)

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, estou comunicando ao Plenário que recebi correspondência enviada pela coordenação da ocupação do Parque dos Maias dando ciência da gravidade do problema que se avizinha com o despejo. Solicito à Mesa que dê ciência ao Plenário do teor deste expediente.

 

O SR. PRESIDENTE: Assim o faremos.

 

Há um requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando dispensa do envio da Emenda nº 01 ao PLE 056/97 às Comissões.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 3435/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 056/97, que desafeta área de uso comum do povo, autoriza o Município de Porto Alegre a permutar imóvel desafetado com os Empreendedores do Cristalshopping, representados pela Multishopping Empreendimentos Imobiliários S/A e Bozano, Simonsen Centros Comerciais S/A por imóvel descrito nesta Lei e dá outras providências. Urgência.

 

Parecer Conjunto

- da CCJ, da CEFOR, da CUTHAB, da CECE, da CEDECONDH e da COSMAM. Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.

     

Observações:

- para votação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, VIII, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: O PLE nº 056/97 está em discussão e, como ele se encontra em regime de urgência, tem um parecer conjunto, que foi examinado e aprovado em sessão conjunta das Comissões.

O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE 056/97.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, interesse gera pressa, e pressa estranha. O projeto fica escondido durante seis meses, depois vem à Casa com muita pressa. Não havia interesse, hoje, em manter aqueles coitados na Perimetral, porque, provavelmente, ninguém ganhava nada, mas aqui há interesse, e estranho interesse. Interesse, por exemplo, apressado, que faz com que o art. 3º do Projeto de Lei do Prefeito, que foi por mim emendado, deixasse, no amanhã, ficar fora de responsabilidade da Multiplan, e eu sei que a Multiplan aceitou a minha emenda. Porque o art. 3º diz que, sobre a área a ser transferida ao Município, empreendedores implantarão as unidades habitacionais e respectiva urbanização, conforme estudo de viabilidade urbanística aprovado para possibilitar o reassentamento das famílias hoje ocupantes das vilas identificadas como Campos do Cristal, Estaleiro Só e Foz do Arroio da Cavalhada. O parágrafo único do art. 3º não tem nada a ver com o “caput”. E todos nós,Vereadores, iniciantes ou por mais tempo, como eu e outros que aqui estão, sabemos que o “caput” define o que vai conter no artigo, isto é, o artigo não pode ser diferente do “caput”. Não tem como fazer diferença. Mas havia pressa e havia interesse, mas não havia interesse nem pressa para resolver o problema dos menos aquinhoados da Perimetral, que ali estavam há 40 anos. Então, eu fiz uma emenda simples - sou um Vereador simples. Para mim, as coisas têm interesse ou não têm interesse, quando se trata do Executivo. Eu só sei trilhar o caminho do certo; no errado eu não ando. Não quer dizer que eu não erre, mas, se eu errar, volto para o caminho certo.

Tratei, então, de fazer o art. 4º, que substitui o parágrafo único do art. 3º, dizendo que integram a presente lei, com obrigações a serem cumpridas e para todos efeitos legais, os seguintes documentos: Termo de Compromisso, de 25 de março de 1997, registrado no livro 141D, folhas 053 a 059, sob o nº 6632, e Termo de Retificação e Ratificação de Termo de Compromisso, com anexo de 1º de outubro de 1997, registrado no livro 153D, folhas 134 a 146, sob o nº 7616, ambos da Procuradoria-Geral do Município e assinados entre o Município de Porto Alegre, Multishopping Empreendimentos Imobiliários e Bozano Simonsen - Centros Comerciais.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o documento foi escondido pela Prefeitura, mas foi elaborado pela Procuradoria do Município, que, num determinado tempo, considerei uma extraordinária Procuradoria. Acredito, até, que continue com Procuradores competentes; não tenho razão para duvidar da competência dos Procuradores. Aí, entendo que só a pressa que conduziu o Projeto de Lei. Mas é uma pressa engraçada: seis meses parado, noticiado nos jornais, páginas inteiras de publicidade com o dinheiro do povo. Mas era a pressa de mandar numa hora que não pudesse haver retorno e se permitia colocar um parágrafo que não daria responsabilidade para ninguém. Creio que a Multiplan cumpriria - mesmo com a burrice do parágrafo único do art. 3º, que não tem nada a ver com o art. 3º.

Então, a minha colaboração é modesta, mas deixa as coisas claras. Eu não tenho pressa e até não vou votar nem favoravelmente, nem contrariamente. Vou, simplesmente, olhar o que vai acontecer nesta Casa, porque, com pressa, com pressão e com interesse, eu não sei votar. E, para mim, houve pressa, pressão e interesse. E eu não sei votar.

Antes que seja alertado, vou dizendo: saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE 056/97.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, considero que hoje o Ver. João Dib fez um discurso verdadeiramente contundente e sério. Diria que é a questão do poder, Ver. João Dib. A experiência tem-nos mostrado que o poder independe das pessoas e dos partidos - vamos deixar bem claro isso. Ao longo da história, o que estamos assistindo aqui e no mundo, de um modo geral, é o poder esmagando. O poder esmaga os fracos. Essa é uma realidade que se observa nos mais diferentes quadrantes, nas mais diferentes ideologias. Então, quando eu estou na oposição, eu tenho um discurso; quando estou no governo, eu tenho outro. É, talvez, um dos problemas mais sérios que nós temos. Mas o Ver. João Dib se equivoca quando mistura coisas. Por exemplo, vamos nos situar a essa questão aqui, onde se encontram os moradores assistindo - essa questão do “shopping”. Eu quero dizer que só tenho um interesse, Ver. João Dib: é o interesse desses moradores aí, esses que se encontram aí, que eu olho nos olhos deles. Essas pessoas estão residindo como, Ver. João Dib, senão numa panela? Aquilo é uma panela, um lugar inóspito para residir, e o Município de Porto Alegre faz uma permuta por uma área, que moradores iam receber terrenos. Ofereceram alguma resistência e a alguns eu disse: “olha, se ali fosse colocado um presídio, eu até concordava que vocês resistissem”. Mas ali serão colocados seres humanos iguais a nós.

     Então, esse é um bom projeto, porque é bom para o Jockey Club, que é uma instituição da Cidade de Porto Alegre, do Estado do Rio Grande do Sul. É bem administrada, é mal administrada? Não entro nessa questão, não discuto. A Cidade não vai ter um investimento? Sim, vai ter um investimento. A Cidade, através dessa obra, vai empregar? A Cidade vai arrecadar?

Então, eu quero dizer aqui, com a maior transparência, que o meu interesse se situa extremamente claro, publicamente claro, por entender de se tratar de um bom projeto que resolve problemas de pessoas que residem não diria em favelas, porque esse termo pisa, mas em construções modestas, que vão ter, numa área boa da Cidade de Porto Alegre, ali na Vila Nova, casinhas, que podem ser modestas mas serão de sua propriedade. O Ver. João Nedel me faz sinal que não, mas eu digo que sim. Os moradores receberão casas para ali residir, terão o terreninho e a casa para residir.

Então, o que importa efetivamente, Ver. João Nedel, é que essas pessoas terão a segurança, a tranqüilidade de ali residir. Por todas essas razões, porque é bom para a Cidade de Porto Alegre, porque é bom para o Jockey Clube, porque é bom para os moradores também, é que eu estou votando favoravelmente ao presente projeto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLE 056/97.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que eu queria, inclusive, questionar ao Ver. Elói Guimarães, que me antecedeu na tribuna, é exatamente a separação que ele fez entre aquele fato violento presenciado pelo Ver. João Dib e toda a temática do Shopping Cristal. Não, não há separação entre os dois fatos; há um perfil administrativo inseparável; o mesmo agente que comete a violência é o mesmo agente que propõe. E evidentemente que nós - e vai ser uma unanimidade - votaremos “sim” a essa permuta, porque esse é o interesse dos moradores. E, atendendo aos interesses dos moradores - evidente que a sua situação social é fundamental -, não há como separar, não há como ignorar a mesma fonte agressiva.

A Vera. Maria do Rosário esteve nesta tribuna e disse que estava conversando, que estava acompanhando. Não! Não tem que conversar, não tem que acompanhar; é uma decisão só: voltar atrás na violência que fez. Só isso! Esse é o perfil de uma administração que se preze, de uma administração que respeite os mais fracos. Faço um cotejo de citações cada vez que venho à tribuna, e cada dia se acrescenta uma a mais, pela infelicidade da atuação da Administração Popular. Essa mesma Administração que agride dessa forma, que ignora o mais fraco, que pisoteia, que lhe faz esse mal, é capaz apenas de mudar essas pessoas sem dar-lhes a devida assistência social, sem dar-lhes a devida cobertura de segurança pública, de saneamento básico e de uma série de outras coisas que vão necessitar em outro local. Mais do que isso: esse é o terceiro local escolhido.

Ver. Elói Guimarães, quero-lhe dizer que há alguma coisa de ainda não explicado por esse repentino e rapidíssimo interesse, com essa pressão sobre as pessoas, que têm o direito e o dever até de estar aqui junto conosco - para nós é uma honra termos essas comunidades aqui -, mas sabemos que há mecanismos de pressão. Nós vamos votar a favor da permuta, porque é um problema social emergente. Ora, há outros interesses, sim. Como disse o Ver. Dib: estranhamente e de afogadilho, nós temos que votar esse projeto.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo com V. Exa. Talvez eu não tenha sido claro ao dizer que o Ver. Dib pegou as duas situações e as uniu. Eu considero que as duas situações - a violência ocorrida e o projeto do Shopping - não têm nada a ver uma com a outra. Isso é o que eu quero deixar bem claro.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: A intenção do Ver. João Dib foi, indiscutivelmente, alertar essa população de que a mesma administração que está fazendo esse tipo de permuta agora - depois da mudança, vamos ver quantas queixas haverá - é a administração que, há pouco e nos seus 11 meses de administração, tem-se caracterizado pela infelicidade de sua atuação e, muito mais do que isto, pela sua turbulência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, ao Ver. Nereu D'Avila para discutir o PLE 056/97.

 

 O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras que nos assistem, quero dizer que na minha visão existem três partes legítimas, autênticas e perfeitamente cabíveis dentro desse processo.

A primeira parte é o Jockey e o seu interesse para a liberação da área para a construção do “shopping”, absolutamente tranqüilo.A segunda parte são V. Sas., que vão ser remanejados é já estão com visão tranqüila de outra área - pelo menos, é o que nos repassaram. Mas tem a terceira parte, que é a parte da Vila Nova, que não foi assimilada. A Vila Nova não foi palatável, não assimilou esta transferência. Não vou discutir os motivos intrínsecos ou extrínsecos que a Vila Nova, o Campo Novo tenha, porque variam. Agora, um argumento é preocupante: é que descaracterizaria a zona produtiva da Cidade já que lá se planta muito pêssego, entre outros.

Então, dentro dessa visão - já falei e repito -, acho que à Administração incumbia um diálogo mais contemplativo, que atendesse, pelo menos minimizasse, as reivindicações das três partes. Porque, senão, não é um acordo; são duas partes atendidas e uma não atendida e até magoada em não ver, pelo menos, a discussão dela levada aos fóruns em que se estabelecesse uma discussão palatável.

Diante disso, fui extremamente didático para dizer que não há questão contra e é um problema que já está em caráter conclusivo. Diante dessa situação, nós ficamos muito sensíveis. Quero dizer que em nenhum momento obstaculizei o ritual dessa processualística. A Bancada do PDT está dividida e não é nenhum demérito, e não é em função de uma das partes, pois tenho o maior respeito pelas reivindicações de cada parte. Eu reconheço, até porque é uma obviedade solar, de que existe um outro grande interesse, que é o interesse da Cidade, interesse esse que está consubstanciado na consecução do projeto do “shopping” - isso é iniludível. Sopesadas todas essas partes, quero dizer que tenho o direito de, não vendo o processo harmoniosamente contemplado como um todo, me negar a chancelá-lo, e é o que vou fazer, respeitando, como sempre o fiz, as partes em litígio. Por isso quero que cada um de V. Sas. entendam que não é nada contra ninguém, mas é um direito de opção, já que não pesará no conjunto, porque o processo está com o número suficiente de adesões para ser tranqüilamente aprovado. Mas a democracia funciona assim. A unanimidade é burra, sim! O Nelson Rodrigues disse, e creio que ele tinha razão. As coisas sociológicas também não são lineares como uma folha de papel. Por isso existem as ondulações.

Encerro, dizendo que votarei contrário, apenas para que os Anais registrem e a história faça a justiça. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vamos suspender os trabalhos por 15 minutos, a fim de que a CEEE possa resolver o problema da falta de energia elétrica.

Aproveito os 15 minutos para convidar os Srs. Vereadores a comparecerem à sala Presidência, a fim de que discutamos fatos relativos ao andamento dos trabalhos.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h12min.)   

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol - às 17h52min): Estão reabertos os trabalhos.

Retornamos à discussão do PLE 056/97. Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PSDB terá os seus votos divididos em relação a este projeto. Alguns de nós entendem que devemos privilegiar o encaminhamento relativo aos moradores dessas áreas de risco, que terão uma oportunidade de reorganizarem suas vidas. Outros de nós têm uma posição que entende que, independente dessa situação, há uma série de questões no projeto que não estão, absolutamente, clarificadas. Se se avançou bastante na relação da organização do loteamento, do ponto de vista interno, continuamos a ter uma série de problemas do ponto de vista externo. Eu disse a muitos companheiros com quem conversei, indagando da nossa posição, que a mim me preocupam questões de quem já mora na região, que vai receber uma sobrecarga imensa de moradores sem nenhuma garantia de modificação de linhas de ônibus, por exemplo, Ver. Pedro Ruas. Então, quem não tem nada a ver com a história vai acabar “pagando o peixe”. E os próprios companheiros que hoje dispõem de um sem-número de linhas de ônibus onde se encontram vão enfrentar o problema da falta de ônibus, porque não encontramos nada disso no projeto, em futuro muito imediato. Nós também temos problemas de como chegar até lá, na medida em que há uma única via de acesso, uma via estreita, com problemas de conservação, de segurança. Certamente, a valer a experiência, vai ocorrer como o Loteamento Timbaúva, que tenho cobrado permanentemente, onde se prometeu linha de ônibus, escola, creche, posto de saúde, e não se deu nada para esses moradores, do ano passado até hoje. Tomara que eu esteja errado, mas nós estaremos aqui recebendo, daqui a um ano, um ano e meio, talvez, os mesmos moradores que estão aqui hoje pedindo a aprovação do projeto, se queixando que estão lá atirados, abandonados, sem os atendimentos prometidos.

Eu quero deixar isso registrado com absoluta tranqüilidade porque, em primeiro lugar, sei que o projeto será aprovado, mas quero dizer, pessoalmente, que não quero ser conivente com encaminhamento sobre o qual eu não tenho certeza das garantias dadas aos moradores. Por outro lado, como disse na nossa bancada, a Vera. Anamaria Negroni tem uma posição de defesa dos interesses desses moradores e entende que encaminhamento é suficiente. Na nossa bancada, temos o costume de discutir entre nós e, quando há discordância, respeitar as discordâncias, já que não é princípio partidário. Portanto, nesse sentido, cada Vereador da bancada vai tomar a sua posição sem nenhum problema, mas quero deixar registrado, com lisura e respeito: acho que existem muitas omissões nesse projeto, e como não é a primeira vez que se fazem encaminhamentos desse tipo, atropeladamente, e depois os moradores ficam a ver navios, eu não vou dar o meu voto conivente nessa questão. Fica o registro discordante.

Disse alguém aqui que todo o conjunto unitário é burro. Eu não sei se é, mas a minha preocupação é deixar registrado que, para mim, o projeto, no seu conjunto, não atende a todas as questões de preocupação que gostaria de ver resolvidas em relação a esses moradores.

 Neste sentido, a Bancada do PSDB, cada Vereador, dará o seu voto de consciência, respeitando as posições divergentes e, de qualquer maneira, viabilizando. Mas queremos dizer que, independente da posição individual de cada Vereador, nós estaremos, nesta Casa, prontos a cobrar da Prefeitura Municipal de Porto Alegre aquilo que, prometido ou não, deve ser garantido a esses companheiros que vão para uma nova área. Porque é fundamental que vocês, além disso, tenham outras garantias, que eu insisto: questão de transporte, questão de segurança e questão, sobretudo, de uma boa convivência no entorno onde vocês vão. Nesta ocasião, vocês terão a Bancada do PSDB unida, preparada para brigar junto com vocês. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar o PLE 056/97.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu venho a esta tribuna para encaminhar, sucintamente, favorável ao projeto que está sendo discutido.

Como grande parte dos Vereadores, nós também gostaríamos de ter um aprofundamento nessas questões em nível geral, mas, em nível de CUTHAB, que eu integro, nós fizemos várias discussões com as comunidades afetadas. Portanto, eu, pessoalmente, estou tranqüilo com relação ao que vai acontecer e, se puder transmitir isso ao Plenário, gostaria que assimilassem essa posição. Há um encaminhamento; não é uma coisa definitiva, mas é um processo que se iniciou e vai transcorrendo na medida do possível e o mais corretamente possível.

O que me deixou preocupado esta tarde foi a presença do Ver. João Dib na tribuna, quando ele dizia que existem algumas coisas que não estão bem explicadas e que eu entendi que poderia ter havido, ou que haja, até, algum ato menos digno nesse procedimento. Gostaria que o Ver. João Dib dissesse se ele tem conhecimento que há alguma interferência indevida ou por parte do Jockey Club ou por parte da Prefeitura ou por parte dos empreendedores, seja por parte de quem for, para que a Cidade não fique nessa dúvida, para que se possa dizer com todas as letras: houve isso e aquilo. Eu já ouvi falar muita coisa também, mas não dou crédito porque não tenho como provar. Já disse isso aqui várias vezes e até fui taxado de certas coisas porque não dei o encaminhamento que muita gente esperava a determinadas situações por falta de provas.

Eu, fraternalmente, peço ao Ver. Dib que, se tiver alguma informação, que diga em alto e bom som que há esta ou aquela interferência no processo, que não está conduzindo a coisa de acordo com o que a gente imagina. Imagino que seja um empreendimento útil à Cidade. Vai redundar na urbanização de uma área problemática, vai reassentar famílias que hoje vivem em condições subumanas. Acho que a Prefeitura está procedendo corretamente dando a concessão real de uso, não o título de propriedade, porque, mesmo nas condições em que estão, eles não têm título de propriedade nenhuma; então, não vão trocar nada. Vão receber, isso sim, um ambiente mais humano, onde poderão desenvolver suas famílias, numa área da Cidade que está propensa a esse desenvolvimento.

Por isso, encaminho favoravelmente a votação do projeto, e vamos fiscalizar para que tudo dê certo. A comunidade que vai ser transferida tem todo o direito de vir aqui reclamar se não for bem atendida. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLE 056/97.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores que estão hoje aqui nos dando a honra de suas presenças.

Tínhamos, no início, maiores dúvidas do que temos neste instante, mas elas ainda não foram todas dissipadas. As colocações do Ver. Antonio Hohlfeldt estão absolutamente corretas. Quanto aos problemas do transporte coletivo, ainda não sabemos como a Prefeitura vai tratar. Eu penso que esse será o problema ou a dúvida maior, mas os problemas que existiam lá no início eram vinculados, por exemplo, à qualidade da moradia que as pessoas que agora estão instaladas ali, no Cristal, iriam receber na Vila Nova. Com relação a essa discussão que fizemos desde o início do processo, acredito que a Câmara participou de maneira satisfatória, servindo para que os moradores que serão reassentados pudessem ter garantias de que as moradias que irão receber serão de melhor qualidade do que aquelas primeiras que lhes foram oferecidas.

 A infra-estrutura está garantida, e fala bem o Ver. Antonio Hohlfeldt quando coloca o problema das vias de acesso. Essa é uma questão para ser resolvida e penso que a população que será reassentada terá problema com a via de acesso, que é única, assim como também aqueles moradores que lá estão.

 Queixas maiores quem trouxe para este Plenário foram aqueles que produzem, atualmente, frutas e hortaliças naquela região, e parece que o medo daqueles que lá estão, Ver. Pedro Américo Leal, é que esses moradores pudessem se transferir para lá e se transformar em um tormento para os produtores. Mas aí estaríamos fazendo um julgamento muito precipitado dessas pessoas que são extremamente ordeiras. Estive lendo um relatório de ocorrências registradas nas delegacias de polícia e vi que, naquela região, se verifica um número praticamente ínfimo de ocorrências, mostrando que a população que ali está é muito ordeira, e que vai ser reassentada, porque não são os moradores que pediram para ser reassentados. Eles vão ser reassentados porque existe um projeto que está em desenvolvimento, e esse reassentamento será feito, mas a população que vai para lá quer continuar ordeira e quer continuar progredindo, tem planos, tem sonhos que habitam a cabeça de todas as pessoas que querem progredir. Não podemos dizer que essas pessoas, pelo simples fato de serem transferidas, vão mudar o comportamento que têm, se agora elas têm um comportamento ordeiro e pacífico. Não é pelo fato de serem transferidas que imediatamente vão mudar.

Acredito que essa preocupação primeira dos produtores da Vila Nova é superada pela conduta encontrada nos moradores do Cristal que serão transferidos. Acho que esses moradores que serão reassentados terão uma série de problemas. Acho que ainda haverá discussões na Justiça porque sei que aquelas pessoas que se sentem prejudicadas estão procurando justiça. Mas acredito que essa ação da Câmara, hoje, em votar essa permuta, com a emenda do Ver. João Dib, que acho que torna mais claro o projeto, tirando o parágrafo único do art. 3º e transformando-o em parágrafo, torna mais claro aquilo que deverá acontecer no futuro. Estamos diante de um projeto onde uma área que vai ser recebida é mais valorizada do que a que está sendo dada. O Município não vai precisar ressarcir a empresa da diferença que há - e isso está constando no projeto. Acredito que praticamente em todos os seus pontos o projeto traz vantagens para o Município de Porto Alegre, e acho que o futuro vai indicar que estamos tomando, hoje, a medida certa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PLE 056/97.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, instado fui pelo Ver. Lauro Hagemann, que parece já não se encontra no Plenário, para que eu dissesse das minhas razões, das minhas contrariedades, e lembrava ele que não falava nada sem provas. Eu acho que ele não sabe ler. O caso que ele citou, das provas... ele leu dez vezes a declaração do ex-Vereador Edi Morelli e disse que não era verdade. Mas eu não falei nada disso. Eu não falei nada disso! Eu disse, aqui, no meu pronunciamento, que achava estranho, e continuo achando muito estranho, que em maio eu pedisse a criação de uma Comissão Especial, e ela ia ser dada. Vereadores me pediram que eu não tirasse o pedido da Comissão Especial e outros instaram para que eu tirasse o pedido da Comissão Especial, para que, se concedida fosse a urgência, se estabelecesse o regime urbanístico da área. Eu, como não tenho nada contra a construção do Shopping Cristal, talvez tenha sido o primeiro dos Vereadores a ter debatido o Shopping Cristal, porque o fiz quando era Prefeito. Eu entendi que a definição de regime urbanístico não alteraria nada, uma vez que era prometido que viria o projeto, este que nós estaremos votando logo em seguida. Até nem vou falar em uma semana, duas semanas, mas o projeto ficou na Prefeitura cinco meses e meio. E, aí, aqueles que haviam prometido que se faria uma Comissão Especial pediram urgência.

Ora, eu sou um homem simples e, como simples, não consigo levar os pensamentos diferentes, mas, que deve ser diferente, deve ser diferente, porque esconderam cinco meses e meio e, depois, pediram urgência, passaram por cima de mim. E eu, que faço? Eu não acho uma má idéia o Shopping. Então, para não votar contra, abster-me-ei de votar. Instado que fui pelo Ver. Lauro Hagemann, que não está no Plenário, disse o porquê das minhas dúvidas. Agora, cinco meses e meio em vez de cinco semanas e meia é muita diferença. E depois pedir urgência... a diferença fica muito maior e, como sou simples, não consigo entender. O meu pensamento não se eleva tanto. Até já fiz a minha justificativa de voto pela abstenção, porque não vou ser patrolado sem dó nem piedade como foram aqueles que hoje estavam na Perimetral. Sou mais forte que eles. Se a patrola passar, boto a bengala na frente e a patrola vai tropeçar e não vai andar.

Fui desrespeitado quando não cumpriram o que me prometeram; além de tudo, pediram urgência. Não sei, pode ser que esteja tudo certo, mas, para mim, ficam dúvidas. Não vou modificar nada com a minha abstenção, mas é uma maneira de protestar, de colocar o meu voto. Como fui instado, é uma maneira de dar uma explicação.

Sou um homem absolutamente simples. Na minha simplicidade, não entendo como me lesaram prometendo, com certa pressa, o projeto que está sendo debatido e ficaram com ele cinco meses e meio. É difícil entender. Então, na minha simplicidade, não sou homem capaz de fazer ilações ou raciocínios complicados; não sei nem usar o computador! Sou homem simples, que ainda faz as contas com a tabuada.

É bom que aqueles que estão aqui esperando tenham a solução cumprida, honrada, por aqueles que a assinam.Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra para encaminhar o PLE 056/97.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, comunidade presente, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores chegamos a este momento com bastante alegria, porque parece que se define um passo importante para uma conquista significativa dos moradores da Campos do Cristal, Estaleiro Só e Foz do Arroio Cavalhada.

Nós queremos destacar a importância, nessa conquista, da participação efetiva das organizações existentes nessas três vilas - clubes de mães, associações comunitárias, Fórum do Orçamento Participativo, Fórum dos Delegados, Conselheiros do Orçamento Participativo, que aqui se encontram -, que tiveram, durante mais de um ano, uma participação efetiva, não só nessa conquista, mas também pequenas conquistas de pavimentação, de infra-estrutura, de transporte coletivo. Nessas vilas também não havia transporte coletivo e ainda é precário o transporte coletivo. O número de acidentes que ocorre na Av. Diário de Notícias, a morte de crianças, não foi citado.

Quero parabenizar essas comunidades, pois, se alguém teve um papel importante nessa luta, não foi a Prefeitura, não foram os Vereadores, não foi a Multiplan, que lá vai construir esse “shopping”. Foi, efetivamente, a mobilização persistente, por mais de um ano, dessas comunidades. Nós ficamos extremamente satisfeitos, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Acreditamos que as demais bancadas presentes compreenderam, ao longo do tempo, a importância da aprovação deste projeto. Essa aprovação é fruto de longos meses de negociações, inclusive porque - conforme citação do Ver. João Dib, quando ele diz que ficou parada por cinco meses e meio a tramitação deste projeto - as comunidades rejeitaram a proposta, não só as propostas do terreno em torno do Jardim Ubiratã, mas também o tamanho de casa, o tamanho de lote. As comunidades travaram um luta significativa para avançar no sentido de conseguir melhorias, o progresso nas negociações que resultaram nessas conquistas significativas que levaram a bom termo essas negociações.

Nós não vamos falar em algumas acusações e fumaças que foram jogadas aqui, porque vivemos num país de impunidade, de corrupção, de violência; de violência contra os humildes, de violência contra as massas. Nós vivemos num país em que há quase 200 mil presidiários e, entre eles, não tem classe média nem burguesia; são apenas trabalhadores que, por uma ou outra necessidade, por desemprego, têm que cometer alguma infração.

Então, comparando a impunidade que existe neste País com a transparência que houve nas negociações em torno da construção do Shopping e do reassentamento dos moradores das vilas, os moradores tiveram a oportunidade de rejeitar locais, rejeitar o tamanho das casas, de conversar com o Prefeito e com seus representantes, semanalmente, na própria vila, no próprio local de moradia, através de plenárias que eles realizaram, que tinham mais de mil moradores.

Quero parabenizar os moradores das Vilas Campos do Cristal, Estaleiro Só e Foz do Arroio Cavalhada. Espero que todas as bancadas votem favoravelmente a este projeto de permuta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra para encaminhar o PLE 056/97.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são 157 bilhões de dólares, a mesma quantia da dívida externa brasileira. Hoje de manhã ouvi no rádio que é a inversão por parte de empresários e entidades daquilo que os americanos dizem que é o altruísmo. Nós temos nesta Casa - refiro isso e já vou fazer as ligações em cima do projeto que estamos aqui discutindo - matéria que também versa sobre o estímulo que a sociedade deve ter não só do Estado mas também da iniciativa privada no investimento do social e no investimento da cidadania. Mais do que resgatar a cidadania desses companheiros da Campos do Cristal, Estaleiro Só e outras vilas, mais do que isso, começa a acontecer de forma efetiva na sociedade brasileira o compromisso que há, em toda a sociedade, da inversão de valores, de recursos do seu produto, da sua atividade no resgate da cidadania e dos direitos humanos.

Eu fiz questão de fazer o encaminhamento favorável em nome do meu partido porque eu tenho uma dívida com a Vila Campos do Cristal. Enquanto Secretário de Governo da Administração Olívio Dutra, enquanto Diretor do DEMHAB e Administração Tarso Genro, nunca aceitei regularizar aquela vila, porque seria condená-los a viver eternamente no lodo, no risco e em todas as situações que os companheiros aqui colocaram e os companheiros bem conhecem. Hoje, e a história é engraçada, vou ajudar com o meu voto, com o voto do meu partido a resgatar aquilo que tantos companheiros queriam, que esses companheiros tenham direito a um endereço, porque o cidadão começa com um endereço, uma casa, um teto, onde eu possa chorar, rir e saber que é meu e que dali ninguém vai me tirar, nem a água do rio Guaíba, quando impedia que o colégio desse aula durante dois ou três meses, como vocês sabem que acontecia.

Então, essa simbiose entre os interesses sociais é algo que tem que ser registrado nos Anais. Toda mudança causa transtornos, ela assusta, e é normal que aqueles novos vizinhos de vocês se assustem, porque, afinal, três mil e tantas pessoas irão para lá, mas a fraternidade, o espírito de solidariedade dos companheiros se integrarão àquele bairro e darão um novo perfil, uma nova vida àquele bairro. E cumpre ao Poder Executivo, à Administração dotar aquela região de todos os serviços que se mostrarem carentes pelo impacto das novas moradias.

Como é inegável, justo, irrefutável o direito que os companheiros têm de morarem lá, também é um direito daqueles companheiros que já estão lá de exigirem melhorias no bairro, que virão ao encontro do interesse das duas comunidades. Demandas reprimidas lá - vocês também irão auxiliar para que aqueles companheiros alcancem aquelas demandas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE 056/97. O Ver. João Dib solicita seja feita votação nominal. (Após a chamada.) APROVADO por 27 votos SIM, 04 votos NÃO.

Em votação a Emenda nº 01, de autoria do Ver. João Dib. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Declaração de Voto do Ver. Reginaldo Pujol: (Lê.)

“Voto na conformidade do Parecer das folhas 72/76, eis que não tenho dúvidas quanto ao objeto de decisão da Casa, que considera bom para a Cidade, para os moradores beneficiários da permuta e para o Jockey Club do Rio Grande do Sul. Neste sentido, incluo os fundamentos contidos no Parecer, que passam a integrar a presente Declaração de Voto.”

 

Declaração de Voto do Ver. João Dib: (Lê.)

“Votei contrariamente por não aceitar votar sob pressão e com desrespeito. Como acredito nos meus semelhantes, pensei que a palavra dada seria respeitada, principalmente no Rio Grande do Sul, onde a palavra vale mais que a vida, muitas vezes. São muito os interesses em jogo, e o processo não foi encaminhado por Comissão Especial conforme o acordado. Entretanto, muito estranhamente, o projeto foi retido por cinco meses e meio e, quando apresentado, foi com um pedido de urgência. No dia de hoje, a Prefeitura mostrou não ter interesse igual para com todos os cidadãos. Enquanto reassenta cidadãos de algumas vilas nas quais tem interesse, demoliu desapiedadamente as habitações de moradores que estavam assentados há 40 anos, onde hoje se situa a Perimetral Loureiro da Silva.”

 

Declaração de Voto do Ver. João Carlos Nedel: (Lê.)

“Meu voto é contrário ao projeto porque a Prefeitura desrespeitou a Câmara de Vereadores, não dando tempo para os Vereadores dirimirem as inúmeras dúvidas que existem no projeto e desrespeitando também os moradores da Vila Nova, que entraram na Justiça contestando a ocupação da área. O meu voto não é contra o Shopping Cristal e nem contra os moradores das vilas remanejadas. Meu voto é contra a trituração da Câmara pela Prefeitura.”

 

Declaração de Voto dos Vereadores Carlos Garcia e Hélio Corbellini: (Lê.)

“Votamos favorável à permuta por entendermos que a garantia de uma qualidade de vida é muito importante. As famílias que forem assentadas terão melhores condições, mas ao mesmo tempo ficaremos atentos para que as famílias que não ‘aceitarem’ morar na Vila Nova possam ter uma indenização justa, garantindo o sagrado direito do livre arbítrio. A Prefeitura Municipal deveria discutir mais com os moradores da Vila Nova; esperamos que todas as condições de infra-estrutura sejam garantidas, preservando as plantações de pêssego e hortifrutigranjeiros, para não descaracterizar a área rural.”

 

Declaração de Voto dos Vereadores Décio Schauren, João Motta, Adeli Sell e José Valdir: (Lê.)

“Votamos ‘sim’ porque significa o nosso apoio ao empreendimento Cristal Shopping, que deverá produzir cerca de 1.500 empregos diretos e 3.000 empregos indiretos, além de significativos investimentos em infra-estrutura necessários à qualificação da estrutura urbana e ao desenvolvimento da região do Cristal e Zona Sul da Cidade. Votamos ‘sim’ porque significa o nosso apoio ao assentamento com melhores condições de vida para os moradores das Vilas Campos do Cristal, Estaleiro Só e Foz do Arroio Cavalhada, que hoje moram em áreas de situação de risco.

Queremos, no entanto, registrar a nossa inconformidade por ter o Governo Municipal consentido com a permuta da área do futuro Cristal Shopping por área localizada na região mais dignificativa da produção de hortifrutigranjeiros de Porto Alegre. A região da Vila Nova/Campo Novo é hoje o símbolo da produção agrícola do nosso Município. Não é por acaso que a Festa do Pêssego se realiza todos os anos na Vila Nova , apesar do pouco incentivo do Poder Público.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores, em uma das suas reuniões originárias, após o debate do assunto, votou posição que recomendava ao Governo Municipal a procura de outras áreas para o assentamento, devido às implicações para o meio ambiente e para a produção rural naquela área da Vila Nova.

Sem dúvida, a concordância da Prefeitura para a produção de um assentamento urbano para 716 famílias no meio da zona de produção rural mais significativa do Município representa um incentivo para aqueles produtores começarem a lotear suas propriedades, a partir do mau exemplo do próprio Poder Público Municipal. A produção de um loteamento para aproximadamente 3.500 pessoas naquela área do Campo Novo descaracteriza a área de produção rural e é um flagrante desrespeito do disposto no art. 2º das Disposições Transitórias da Lei Orgânica, que diz que o Município tem um prazo de um ano, a partir da sua vigência, para proceder ao arrolamento e mapeamento das áreas rurais, regulamentando os critérios de sua preservação. Este artigo visa exatamente preservar as áreas rurais férteis para a produção agrícola, evitando que sejam transformadas em loteamentos urbanos.”

 

O SR PRESIDENTE: Feitas as Declarações de Voto, continuamos na Ordem do Dia.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2706/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 162/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Praça André Forster um logradouro irregular localizado no Bairro Petrópolis.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;           

- da CUTHAB. Relatora Verª Anamaria Negroni: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;

- adiada a discussão por uma Sessão.    

 

O SR. PRESIDENTE: PLL nº 162/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia. Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ainda que todos nós queiramos cumprir a Pauta até as 19h, eu não poderia me furtar de relembrar, uma vez mais, o Vereador e companheiro André Forster.

Quero aqui, mais do que apenas dizer do voto ao nome do André numa praça desta Cidade, dizer que o André foi uma figura extremamente importante ao longo dos anos em que teve militância política. E, ao falar do André, eu relembro que logo que retornei do exterior, nos anos difíceis que atravessou este País ao longo da ditadura, foi exatamente a primeira campanha do André Forster, como candidato a Deputado Estadual, de que eu participei. Fui com o André a Caxias do Sul, na universidade onde eu lecionava; fui a outros lugares fazer a sua campanha como candidato a Deputado. Ele não se elegeu, mas veio na campanha seguinte. Então, ele e eu, entre outros tantos companheiros, éramos os dois candidatos a Vereador nesta Cidade e ambos nos elegemos. E, ao nos elegermos, a convite do Ver. Valdir Fraga, que foi o nome que escolhemos para a apoiar a Presidência desta Casa, ambos acabamos compondo a Mesa Diretora da Casa, que era a de oposição ao governo na época, do Prefeito Guilherme Socias Villela e, logo depois, o Prefeito João Dib, por indicação.

Posteriormente, o André Forster foi Presidente desta Casa e eu permanecia na representação do Partido dos Trabalhadores, na composição da Mesa Diretora. E o André, na Presidência desta Casa, enfrentou alguns momentos importantes e significativos, momentos em que estas comemorações de alegria não se davam dentro da Casa, porque estas não existiam. O que havia era a expulsão de moradores de favelas e de vilas ao longo de toda a Cidade. De modo geral, André Forster, como Presidente da Casa, sempre viabilizava a presença dos Vereadores nesses locais, buscando atender e ajudar as famílias na resistência à violência dos despejos.

Então, é justo, e o Ver. Fernando Záchia foi feliz. Mais do que uma homenagem numa placa de rua, tenha certeza, Ver. Záchia, de que o André Forster está mais feliz por ser nome de uma praça. Já disse que a praça é o símbolo da beleza, da liberdade e, sem dúvida, a presença do André aqui na Casa como Presidente foi também uma representação permanente de resistência e de luta nos anos em que aqui esteve. Depois, preferiu outro caminho, o da presidência do partido. Tenho certeza de que André Forster, na presidência do PMDB, deu uma contribuição imensa, extremamente significativa, de montagem de um partido que tinha e tem um significado no Rio Grande do Sul. Eu tenho certeza, Ver. Fernando Záchia, de que, na medida em que também hoje me preparo para assumir uma tarefa muito semelhante no PSDB, o exemplo do André será para mim uma referência permanente, a liderança de André Forster, a sua figura de ser dura quando era preciso, firme quando era necessário, mas também sempre pronto a negociar, a liderar a aproximação das pessoas e a buscar uma solução.

Uma praça, sem dúvida, é o lugar ideal para relembrarmos a memória e a obra de André Forster. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu solicitaria ao Ver. Fernando Záchia, autor do Projeto de Lei, que encaminhasse até a Mesa a Sra. Iara Leite.

 

(A Sra. Iara Leite, por sua vontade, permanece na platéia do Plenário.)

 

O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar o PLL 162/97.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho a honra de falar, neste momento, sobre André Forster, como tive a honra de, no meu primeiro mandato nesta Casa, ser presidido por ele. Obviamente, é impossível deixar de registrar a tristeza de não podermos mais conviver com o André, mas na mesma medida em que não podemos conviver com ele, Ver. Fernando Záchia, autor desta homenagem absolutamente justa e merecida, nós tivemos oportunidade de aprender com ele.

Dizia bem o Ver. Antonio Hohlfeldt, que, como eu, conviveu com o André naquele mandato em que ele nos presidiu: o André deixa um exemplo importantíssimo de dedicação à causa pública, de conhecimento e de como fazer política.

Nesta Casa, Vera. Clênia Maranhão, não há nenhum Vereador ou ex-Vereador que tenha convivido com André Forster que não lhe tenha profunda admiração. Não digo isso por ser este um momento de homenagem a ele; digo isso porque conversei sempre com Vereadores e ex-Vereadores do período do André, que têm essa visão, que têm essa opinião. São Vereadores, obviamente, militantes de partidos políticos, diferentes ou não do partido dele, que lhe dedicam essa admiração permanente, essa saudade e esse carinho.

Por isso, numa homenagem como esta, a Casa se emociona, porque qualquer um de nós, e o Ver. Fernando Záchia foi mais feliz, gostaria de deixar claro, em algum momento, de forma concreta, permanente, eterna, esta admiração pelo André Forster, este tipo de conhecimento, este tipo de aprendizado que tivemos com ele. A convivência com o André é algo inesquecível. E entre as coisas boas que levo desta Casa, e levarei ao final do meu tempo aqui, e todos nós temos um limite de atuação nos parlamentos, entre as coisas mais importantes o período em que como Vereador tive na Presidência um líder, um amigo, um professor, uma pessoa que se dedicava, permanentemente, a orientar, ensinar, estar ao lado dos seus companheiros, dos seus colegas Vereadores.

Parabéns, Ver. Fernando Záchia! Que a memória do André Forster permaneça como um exemplo vivo a ser seguido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero registrar a presença do Ver. Isaac Ainhorn conosco, retornando de uma representação junto às autoridades que compareceram à inauguração da Ponte São Borja - São Tomé e que chega e assume a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Oportunamente faremos um relato do nosso trabalho no dia de ontem.

Requerimento, de autorização para ausentar-se do País no início da noite de 14 de dezembro até o final da noite de 15 de dezembro, para viajar a Montevidéu-Uruguai para a Reunião do Conselho das Mercocidades, do Prefeito Raul Pont.

 

(Obs.: É apregoado Ofício 554/97, do Sr. Prefeito Municipal, conforme consta da Ata.)

 

Com a palavra o Ver. Fernando Záchia para encaminhar o PLL 162/97.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadores, para mim é extremamente triste e feliz o dia de hoje. Triste porque ontem fez um ano que o André nos deixou; feliz porque esta Casa reconhece, nessa simples homenagem, a importância que o André teve, não para esta Casa legislativa, não para os Vereadores, mas que o André teve para a Cidade de Porto Alegre.

Vejo a querida Iara, esposa, companheira do André, que naqueles momentos finais, momentos difíceis do André, esteve sempre do seu lado, fazendo com que o André pudesse construir a política do nosso Estado, a política do meu partido - aquele homem que para nós, Vereadores, ensinou muita coisa.

Eu, quando iniciei na política, no PMDB, em 1991, talvez de todo esse quadro rico que o PMDB tem, o André foi aquele amigo, aquela pessoa com a qual mais identidade tive, mais aprendi com o André. Naqueles momentos complicados que um partido político tem, sempre encontramos no André aquela pessoa certa para o momento certo e para a hora certa, sempre com a preocupação social muito clara, um homem que sempre quis construir uma sociedade mais justa, uma sociedade mais humana. Sempre teve essa preocupação e sempre soube fazer com que nós, companheiros do PMDB, pudéssemos olhá-lo como aquela figura querida.

O André, sem dúvida nenhuma, deixou em nós, políticos, nessa classe tão difícil que é ser político, deixou um vazio muito grande. Sem dúvida nenhuma, temos a convicção de que aprendemos muito com ele e que essa homenagem é muito justa. Esta Casa, fazendo esta homenagem, como dizia o Ver. Antonio Hohlfeldt, vai perpetuar um pouco dessa imagem do André, um pouco do que ele fez e principalmente o que a vida não deixou que ele fizesse mais; vamos perpetuar através de uma praça. Lá, talvez nos momentos mais difíceis, possamos fazer reflexões e sempre pensando e nos espelhando nessa figura extremamente querida que a vida nos tirou muito cedo.

Tenho essa convicção de que perdemos um amigo, perdemos um grande político, uma pessoa que honrou sempre essa classe tão difícil de encontrar pessoas tão queridas e pessoas que realmente fazem falta. E o magro, o querido André - emociono-me quando eu penso que faz um ano que o magro nos deixou -, sem dúvida nenhuma, está fazendo muita falta.

Que nós possamos dar continuidade a essa coisa que tanto nos une, que é fazer política, que é conversar política, é fazer política!

Essa era uma característica do André e, sem dúvida nenhuma, quando estivermos naquela praça, vamos olhá-la e vamo-nos lembrar dessa figura tão querida. Muito obrigado.

(Não revisto apelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar o PLL 162/97.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu serei bastante breve.

Eu poderia me sentir representado pelos discursos feitos pelo Ver. Pedro Ruas, pelo Ver. Záchia e pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, mas em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores fiz questão de fazer esse encaminhamento porque o companheiro André Forster, companheiro de todos aqueles que lutaram pela democracia em nosso País, que lutaram pela reorganização social, não só foi muito importante para a vida pública e política do nosso Estado, como foi muito importante como indivíduo para muitos de nós que, no final da década de 70, começávamos a cerrar fileiras na luta pela liberdade, pela democracia e contra a ditadura.

Eu mesmo, em 1977, com 17 anos, acompanhava o belíssimo trabalho que André Forster fazia à frente do IEPES, que foi o ponto de encontro de vários jovens e antigos combatentes políticos que começavam a se reorganizar na vida pública regional. O IEPES foi um dos principais animadores daqueles belos debates que fazíamos e cumpria um papel fundamental para todas as organizações sociais que começavam a se reorganizar naquele momento. Alguns velhos militantes, outros jovens, na luta pela democracia e contra a ditadura, encontraram no André, lá no DAIU da Faculdade de Filosofia dos Institutos Unificados, onde depois fui ser aluno, uma pessoa com quem pudessem conversar com as primeiras discussões sobre a situação nacional, a dificuldade da luta política, enfim, a necessidade de criarmos um vínculo entre aqueles estudantes e o movimento social de massas, movimento dos trabalhadores, sindical e assim por diante.

Esta homenagem muito oportuna, de autoria do Ver. Záchia, é um elogio não apenas a esse grande cidadão da Cidade de Porto Alegre, a esse homem público de alta relevância e honradez na sua conduta, mesmo que, anos depois, tenhamos estado em partidos diferentes, em posições diferentes, mas era um cidadão político honrado e de uma estatura que sempre permitiu um bom debate político, mesmo na divergência. Eu acho que esta homenagem que o Ver. Záchia faz é um elogio a todos aqueles que, como o André Forster, souberam, mesmo com as dificuldades, ter a coragem de dizer um “não” à situação vigente e ao totalitarismo que dominava o nosso País na época. Eu acho que o André Forster, mais do que ninguém, representa muito bem esse período e é bom que consagremos também em rua, na nossa Cidade, o nome dos lutadores sociais pela democracia e pela organização popular.

Porto Alegre precisa ter vários nomes de rua, como André Forster e outros da sua estatura, porque a Cidade, com isso, vai-se enriquecendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o PLL 162/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu compreendo a necessidade que temos, nesta hora, de sermos objetivos. Inobstante, eu não podia me furtar e ficar em débito comigo mesmo, de ocupar a tribuna nesta hora, eis que, não tendo sido companheiro de trincheira política do Ver. André Forster, tive com ele uma convivência das mais salutares na medida em que, adversários, quase que sistematicamente sempre pautamos com o respeito comum a nossa disputa, iniciada nos tempos do MDB e da ARENA, que prosseguiu, mais tarde, com o PMDB e PDS e que ele continuou no PMDB e nós no PFL.

Associo-me àqueles que enaltecem a iniciativa do Ver. Fernando Záchia, o que me deixa mais tranqüilo ainda nesta votação, e tenho convicção que será unânime, eis que o Ver. Záchia foi, por assim dizer, o responsável pela aproximação minha e do Ver. André Forster na única ocasião que ficamos na mesma trincheira política, no segundo turno das eleições governamentais de l994, quando o Ver. Fernando Záchia, coordenando a atuação daqueles que apoiavam o hoje Governador Antônio Britto, teve uma reunião conosco, do Partido Liberal, na nossa sede partidária e, posteriormente, juntos fomos conversar com o Presidente do Diretório Regional do seu partido, Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

Falar sobre as qualidades pessoais do Ver. André Forster é absolutamente desnecessário. Todos nós ainda lembramos muito bem o belíssimo pronunciamento que fez quando recebeu a outorga da Cidadania de Porto Alegre, iniciativa, também, do Ver. Fernando Záchia.

Por isso, em nome do PFL, quero-me associar a todos - ao Ver. Pedro Ruas, ao Ver. Gerson Almeida, ao Ver. Fernando Záchia -, a todos que me antecederam, dizendo que, com toda a justiça, a Cidade de Porto Alegre terá uma praça com o nome de André Forster, um homem que amou a vida, ainda que tenha sido, precocemente, dela ceifado.

As nossas homenagens e o nosso aplauso à iniciativa do Ver. Fernando Záchia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra pelo Partido Trabalhista Brasileiro para encaminhar o PLL 162/97.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, quero dizer que nos sentimos honrados de poder estar aqui, hoje, prestando esta homenagem a André Forster.

Particularmente, eu tive a honra de me pronunciar quando da outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre, que o Ver. Fernando Záchia apresentou e esta Casa aprovou por unanimidade.

Naquele momento, dizia ao próprio André da alegria de podermos estar na tribuna cumprimentando o grande dirigente partidário e o grande homem público. Ele, realmente, prestou serviços importantíssimos a toda a política rio-grandense. Nós o acompanhamos de longe, no período mais difícil da política brasileira, em que ele iniciou na política e acabou assumindo nesta Casa funções da mais alta importância, chegando à Presidência desta Casa.

Ele representou um símbolo muito importante para nós. A lembrança do Ver. Fernando Záchia, naquele momento, de dar-lhe o título de cidadania em vida e hoje, também, de prestarmos, após a sua morte, essa homenagem, deixa-nos sensibilizados e queremos transmitir a sua esposa e seus filhos o nosso sentimento de consternação por perdê-lo, mas a alegria de saber que ele contribuiu para melhorar muito a política para aqueles que militam e para os cidadãos de Porto Alegre e deste Estado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quando eu era suplente, junto com o Ver. Pedro Ruas e outros Vereadores - ingressamos nesta Casa em 1986 -, eu tive a honra de desenvolver uma ligação, que vem desde a década de 60, e ser o Primeiro Secretário da Mesa Diretora presidida por André Forster nesta Casa. Para mim foi uma grande honra porque consolidou uma relação de amizade e de afeto recíproco naquele trabalho que aqui realizamos com a mudança da Câmara Municipal do Centro da Cidade, passando pelo Centro Municipal de Cultura e chegando, finalmente, a este prédio. É apenas esse registro que faço ao velho companheiro de militância política. Peço escusas aos meus colegas Vereadores pela manifestação, de uma certa maneira, anti-regimental desta Presidência.

Não havendo mais quem queira encaminhar, colocamos em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL 162/77 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Comunicamos a V. Exas. que amanhã, às 11h, haverá uma reunião de Lideranças na sala da Comissão de Educação para tratar de pauta e outros assuntos correlatos. Fica convocada, extraordinariamente, “ad referendum” dessa reunião de Lideranças, uma Sessão Extraordinária às 14h, nesta Casa, para darmos continuidade aos trabalhos.

Deixo registrado o convite formulado pela Vera. Maristela Maffei, que convida a todos os colegas para, no dia 12 de dezembro, às 21 horas, no Restaurante Forno e Fogão, na Rua Silvério, 120, participar das festividades do seu aniversário.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1842/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/97, de autoria da Verª Sônia Santos, que institui a Semana Municipal da Bíblia no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CECE. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Em discussão o PLL nº 115/97.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Gostaria de lembrar à Mesa, auxiliando para que não esqueça, já que a tarde foi atribulada, que eu tinha um Requerimento oral que V. Exa. deferiu e oportunamente leu um ofício inteirando a Casa sobre a situação do Parque dos Maias. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir o PLL 115/97.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero elogiar o projeto da Vera. Sônia Santos, que faz uma lembrança importante da necessidade de todos nós refletirmos sobre as mensagens da Bíblia. Essa Semana fará isso.

Quero registrar que o Ver. Eliseu Sabino, por motivos de ordem de saúde, não está presente neste momento. Pediu-me que registrasse a manifestação dele de apoio ao projeto da Vera. Sônia Santos, porque considera, também, fundamental e importante que cada vez mais nós reflitamos sobre a questão das mensagens que a Bíblia nos traz e que tão pouco são aprendidas pelos cidadãos, pelo povo em geral.

Acho que esta Semana vai ser importante para todos aqueles que acreditam em Deus, nas mensagens da Bíblia e naquilo que seus ensinamentos possam refletir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. A Vera. Sônia Santos está com a palavra para encaminhar o PLL 115/97.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de deixar registrado que, nesta tarde, estiveram nesta Casa vários representantes de entidades religiosas, bem como o representante da Sociedade Bíblica do Brasil, os quais, pelo adiantado da hora, tiveram que se ausentar.

Este projeto que institui a Semana Municipal da Bíblia no Município de Porto Alegre é um projeto que trata de um livro, um livro que, na realidade, não é um livro, é uma coletânea de 66 livros, escritos por diversos autores ao longo dos anos. Este livro foi escrito em três idiomas diferentes - aramaico, hebraico e grego. Existe uma outra versão chamada Septuagenta, que conta com 13 livros a mais, que é a versão adotada pela Igreja Católica.

O Dia da Bíblia surgiu no ano de 1549, quando o Bispo Kramer, da Grã-Bretanha, incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia a ser consagrado a este livro sagrado, sendo esse dia o segundo domingo do Advento, ou seja, o segundo domingo do mês.

Esta data é comemorada em mais de 70 países, e é bom lembrar que a Bíblia Sagrada é um livro que já foi traduzido para mais de duas mil e 300 línguas diferentes e conta, hoje, com mais de sete milhões e meio de livros editados. Ele é um “best-seller”.

Tendo em vista o mundo atual em que vivemos, entre a violência, a agressão, o desamor e a insegurança, que são temas centrais do nosso dia-a-dia, se nós voltarmos a nossa atenção a este livro, estes temas que vêm sendo os mesmos, ao longo dos anos, e que são de forma tão clara, tão bem abordados pela Bíblia Sagrada, se nós olharmos de uma forma reflexiva para dentro de nós mesmos, nós vamos ver que temos muito que aprender com a Bíblia Sagrada. A instituição, então, dessa Semana abre a oportunidade para que entidades comprometidas com a Bíblia possam desenvolver este tema e possam fomentar nas pessoas o desejo de ler mais esse livro.

Nós visamos, sim, a incidir luz sobre este livro tão importante e que possa se fazer real o texto do Salmo 119: “Que a Bíblia Sagrada seja lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos.” Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 115/97. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 01, aposta ao PLL nº 115/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

Tenho a satisfação de proclamar esse resultado e homenagear a Vera. Sônia Santos que, de larga data, vem lutando por esse projeto e que logra êxito agora ao vê-lo aprovado por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 3430/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 201/97, de autoria do Ver. João Motta, que denomina Av. Senador Darcy Ribeiro um logradouro irregular localizado no Núcleo Esperança, no Bairro Restinga Velha. Urgência.

 

Parecer Conjunto

- da CCJ, da CUTHAB e da CECE. Relator-Geral Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 201/97. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2410/97 -  PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/97, de autoria do Ver. João Motta, que institui o Prêmio de Cidadania e Direitos Humanos Sepé Tiaraju e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.       

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.

A Mesa defere Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando seja votado em destaque o art. 3° do Substitutivo ao PR 24/97.

Em votação o Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Resolução 24/97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade. Prejudicado, portanto, o Projeto original.

Votação em destaque do art. 3º do Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Resolução 24/97. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO por maioria.

Em votação a Emenda ao Substitutivo nº 01 ao PR 24/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 3345/97 -  PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 034/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que concede o prêmio artístico Lupicínio Rodrigues ao Músico Lúcio Araújo de Quadros.(Lúcio do Cavaquinho)

 

Observações:      

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR 34/97. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) A votação será nominal por solicitação do Ver. José Valdir. (Após a chamada.) APROVADO o PR 34/97 por 20 votos SIM.

Informamos a realização de painel alusivo aos festejos dos 50 anos de reabertura da Câmara Municipal, que contará com a presença do ilustre Presidente do Partido Democrático Trabalhista no Rio Grande do Sul, e ex-Prefeito Sereno Chaise, e que será realizado em nosso auditório principal.

Registramos a presença do Dr. Sereno Chaise e dos ex-Vereadores Luiz de Almeida Passo, José Luiz Marques e muito especialmente o nosso grande exemplo de político municipalista, o ex-Vereador Alberto André.

Encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h40min.)

 

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